Um dente que cao II

No meu último texto de memórias, no qual expressei a minha emoção diante do primeiro dente mole, como pai, o amigo Miguel comentou que ficou intrigado com o fato dos dentes que eu jogava, quando criança, em cima da minha casa, não caiam de volta ao chão. Agradeço ao amigo Miguel pelo comentário porque isso me fez relembrar de algo que eu já havia esquecido e que talvez eu nunca mais relembrasse, talvez.

 

Como eu já disse, todos os meus dentes de leite, quando caia, eu os jogava em cima da casa em que morávamos. Eu acredito que era um tipo de tradição supersticiosa, não sei dizer. Até mesmo porque eu nunca vi mais ninguém fazendo isso. Como meus pais eram do interior, talvez seja um costume antigo.

 

Pois bem, a lembrança que o amigo Miguel sucitou em minha mente foi que, um dia, meu pai teve que consetar o telhado da nossa casa. Caramba! Que momento emocionante foi quando eu subi junto com ele no telhado, e aos poucos, fui reencontrando meus dentinhos. Já devia fazer uns dois ou três anos que eles estavam lá em cima, no nosso telhado. Eu saí os recolhendo e papai me ajudando.

 

Lá em cima do teto eu gritava para mamãe a cada dente que eu achava. Tinham dentes meus e também da minha irmã. Dava para diferenciar pelo tamanho. Os meus eram maiores e os da minha irmã eram bem pequeninos.

 

Fecho os olhos e me volto àquele momento. As lágrimas logo me molham. Ter meu papai ali pertinho de mim. Festejando por algo tão simples. Uns dentes em cima do telhado.

 

29/09/2024

O dente de Vicente ainda não caiu, mas ele está ansioso. Hoje mesmo me mostrou novamente. Senti que está amolecendo e o acalmei falando que era necessário que ficasse mais mole para poder cair.

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 14/09/2024
Reeditado em 29/09/2024
Código do texto: T8151090
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