Minha memória musical III
A minha terceira influência musical foi Major. Como eu já disse, éramos evangélicos na época e todas as música que não fossem da igreja era do mundo. E se era do mundo, era pecado. Mas as músicas que tocavam no rádio da casa de Major, apesar de serem "mundanas", tinham um negócio diferente , eram envolventes.
Eu ainda não tinha desenvolvido o meu lado musical, mas gostava das músicas com aquele som grave e roco, que tempos depois aprendi que era do baixo. Gostei tanto do som que tempos que depois comprei um contra-baixo para tocar na igreja. As músicas eram do estilo Brega. Até hoje eu tenho um repertório invejável, não que eu quisesse ter aprendido, mas entrou por osmose no meu cérebro.
Fuscão preto, No toca fita do meu carro, Eu não sou cachorro, não; Por que brigamos? E sem contar que, nos fins de semana, Major reunia um grupo de amigos e tocavam no terreiro de sua casa um forró que varava a noite. Era uma festa que se intensificava ainda mais no período junino. Aí era Forro Pesado, os clássicos de Antônio Barros e Ceceu, as obras primas de Gonzagão, e não posso esquecer dos mais diversos trios nordestinos que enriqueciam o repertório.
Ainda hoje, quando pego o violão, já meto um tom menor e lá vou eu: "Sendo assim, vou acabar ficando louco, pois o que eu ganho é pouco , e você só pensa em gastar..." Ou, "Mulher, a um homem como eu, você não pode enganar. Sou um escravo do trabalho e só vivo para o lar..." Grandes clássicos do brega.
Bem, mas bem depois, vieram Raul Seixas, Legião Urbana, e outros MPB's, mas as primeiras foram os hinos da igreja, as músicas do rádio de Dona Dinha ( já relatado em outros textos anteriores) e os Bregas de Major.