Era melhor ter fugido com o circo
Nunca fui popular na escola. Era o garoto crente, gordo, que usava as calças acima do umbigo e sem vocação alguma para os esportes, não sei como ainda tinha Leandro como amigo.
Na igreja também não era nada popular. Junte todas as minhas características anteriores e acrescente uma gravata de tricô doada pelo meu amigo Tiago José, hoje pastor numa cidadezinha do interior.
A única coisa que eu achava que era bom era em ter notas altas. Isso era o que eu achava, porque quando vi um boletim antigo chega me deu dó de mim mesmo. Se eu era bom, imagina os piores da minha turma...
Nós três anos do ensino médio, quase que a totalidade da minha turma, foi para o presídio Anísio, na verdade era Pedro Anísio, mas devido ao o nível dos alunos e a quantidade de grades que cercavam a escola, demos esse apelido carinhoso.
Costumo dizer que tanto faz eu ter frequentado as aulas no Pedro Anísio ou ter fugido com um circo entre os anos de 2003 e 2005, o resultado seria o mesmo, claro, que no circo a minha bagagem cultural teria sido enorme. Tive um colega que tinha problemas psiquiátrico, passou a maior parte do tempo internado, num hospital psiquiátrico, e passou com nota melhor que a minha...
Lembro que uma vez eu perguntei a minha professora de português se a palavra "VOCÊ" ainda recebia acento. Ela disse que ia pesquisar! Mas como assim ainda vai pesquisar, professora? Posso não ser o rei da língua portuguesa, mas VOCÊ é uma palavra OXÍTONA terminada em E, e todas as OXÍTONA terminadas em A, E, O e seus plurais e em ENS, são acentuadas.
Em geografia, a única dica que trago até hoje foi a que a minha professora do terceiro ano deu: "Na hora da redação, não se esqueça de que a palavra "A partir" é separada." Era para eu ter aproveitado e perguntado a ela se a palavra Você era acentuada.
Como eu queria ter fugido com o circo.