Os chineses pasteleiros

Desde que eu me entendo por gente, tem uma banca de pastéis de vento aromatizados, está bem, sendo mais decente, uma pastelaria, no lado direito da então praça da Paz Celestial Pessoense, o antigo, belo, e descaracterizado Ponto de Cem Réis. Isso no sentido de quem está vindo da praça 1817 indo para o Terceirão. E digo, cheio de ressalvas, já que faz bastante tempo que passei por lá e meus pontos cardeais podem estar bagunçados depois do COVID.

 

Pois bem, lá você vai encontrar a pastelaria de uns chineses com cara de lua cheia. "Isso é xenofobia!" Eu juro, se você ver também concordará comigo, é uma cara sem mais tamanho,. Acho que comprei o meu primeiro pastel há uns trinta anos. Meu pai deve ter dado ronda por lá pela década de 70 e, se brincar, já havia a pastelaria. 70? Se bem que ainda perdurava o regime militar e a presença chinesa não devia ser tão bem quistas, mas na década de 80, lá pelo finalzinho, eles já poderia vender seus pastéis livremente como em qualquer país com liberdade econômica e democrático.

 

O que me chamava a atenção quando eu ia comer um pastelzinho era o sotaque dos proprietários: "deis leal". Eu não sei se eles tem medo de aprender português, ou se eles já aprenderam e fazem de conta que não sabem para manter a tradição de coisa da China, mas trinta anos ainda não deu tempo para aprender nosso idioma? Nem se eu fosse morar na China levaria tanto tempo para aprender o Mandarim. Do jeito que eu sou, se eu conversar com um baiano por meia hora já sou meio Soteropolitano, imagina trinta anos.

 

Não sei qual a estratégia deles. E deixo bem claro que meu interesse é apenas a titulo de curiosidade. Que eles vendam em paz seus pastéis por mais mil anos sem ninguém os incomodar, afinal, não estamos nos Esteistes, mas esse ainda é um país livre, pelo menos aparentemente.

 

 

 

 

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 22/08/2024
Reeditado em 22/08/2024
Código do texto: T8134606
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