Minha estadia na UTI
E uma gripe me levou à emergência do Hospital Santa Teresinha nesse dia 15/08. Eu queria ficar no só na emergência, mas na negociação com o doutor Rosivan, a seu contra-gosto, ganhei uma estadia de 50 minutos nos apartamentos da enfermaria. Foi algo rápido porque ele montou uma junta médica pró-uti e foram ao meu encontro. Na equipe estavam Doutor Gustavo e Rosa, sua esposa, golpe baixo, porque fui o catequista de seu filho mais velho, ou seja, já me conheciam. Não deu outra. Me convenceram facim, facim. Agora eu estou no apartamento, mas do dia 15 ao 18 foi UTI mesmo, leito 1.
Ser um paciente consciente na UTI é uma experiência diferente. Os pacientes geralmente estão em coma, entubados, em resumo, inconscientes. Não se dão conta do que acontece a sua volta. Eu te digo: a UTI é um mundo, que chega a ser de certo ponto hilário. Os profissionais que ali trabalham, em suas escalas de 12 ou 24, quando não assumem de algum outro colega, e assim, ficam três plantões seguidos.
Era engraçado quando vinha um profissional de outra ala visitar algum outro colega e se empolgava na conversa e de repente percebia que eu estava consciente. Chega tomavam um susto. Era engraçado. Outro chegavam e já me reconheciam das outras internações, ou da igreja.
Aos poucos ganhei a fama do paciente que não queria ser internado. As enfermeiras quando iam passar o plantão já ia logo avisando: "esse é George, o paciente que não queria ser internado." Mas essa não é bem a verdade. Eu estava gripado, e só. E se pudesse ir para a enfermaria tomar um sorinho na veia, na tranquilidade, estava bom para mim. Mas, devido ao meu fraco coraçãozinho, tudo é questão de atenção, por isso doutor Rosivan queria logo me internar. Se dr. Rosivan tivesse me tido logo que eu estava com o pé na cova, eu mesmo ia para UTI sozinho, mas para não me assustar, falou que ia pensar. Nesse meio tempo entrou o dr. Gustava e sua esposa. Resumindo, fui internado.
Na UTI revi alguns profissionais que cuidaram de mim na minha primeira internação em 2022. O técnico Tiago, Jaqueline, a enfermeira Natália, a técnica Irmã (orgulhosa de ter um filho professor de física e uma filha estudante de medicina), o médico Saulo (que escapou de ser administrador, seu primeiro vestibular) e muitos outros. Conversamos bastante, afinal eu estava consciente. Nem que eu não quisesse participar das conversas eu participava. Estava ali.
Os dias eram calmos. As noite tinham mais tensões. Durante a madrugada houve duas internações bastante crítica. Eu estava dormindo quando ouvi a equipe correndo e gritando: "o paciente está inconsciente." Acordei rapidamente com o susto, dizendo que eu estava consciente sim. Foi ai que percebi que não era comigo. Infelizmente a paciente veio a óbito. A equipe fez tudo o que pôde. Mas quando a hora chega, é inevitável. Era uma jovem mãe de 29 anos de uma bebê que ainda amamentava, da vizinha cidade de Uiraúna.
No meu segundo ganhei uma companheira, Dona Raimunda, mãe de 6 filhos, 81 anos e eleitora da cidade de Sâo Francisco. Quando eu estava ansioso, ela tentou me acalmar e quando recebi alto ele pediu para me ver, já que a gente fica separados por uma cortina. É uma senhora pequena e magrinha. Depois soube que uma das suas filhas trabalha com a minha esposa. Isso é cidade do interior.
Num dos momentos de descontração um dos técnicos falou que se casaria com a enfermeira porque ela tinha uma pensão, uma casa e uma piscina. Ela disse que se casaria, mas que só duraria 10 dias porque colocaria uma canganha ao grande nele que mesmo que ele fosse para São Paulo o povo ia ficar sabendo: "Você se lembra de Fábio? Que Fábio? Fábio corno que levou aquela "canganha" da enfermeira." Foi muito engraçado. Todos riram.
Quando se está consciente a UTI não é tão ruim, mas nada como o aconchego do nosso lar.
Obrigado a todos os profissionais do Hospital Santa Teresinha.