A INSPETORA DURONA
Se tem uma pessoa que fez parte da minha infância, vida estudantil e minha vida de forma subliminar, mesmo ela não sabendo disso foi a inspetora Dona Socorro, lá do Ubirajara.
Dona Socorro era , uso o verbo no passado já que estou narrando um evento passado, mas torço muito para que ela esteja vivinha da Silva. Pois bem, Dona Socorro era uma mulher negra. Bastante alta, pelo menos para mim, na época era alta, com uma voz... Até hoje eu escuto ela chamando meu nome. Impunha respeito como uma sargenta que nem os marginais ousavam afrontá-la. A mulher era sensacional. Depois do diretor Braz, era a ela quem mais respeitávamos.
Pelas costas ela sabia que o apelido dela era Chupa Cabra, era os anos 90, meus amigos. A turma era ruim mesmo. Mas isso em nada a diminuía. Só a fazia crescer mais por meio de suas lições de morais e de vida que dava na gente.
Ela falava de coisas que ninguém nunca tinha falado. Falava em quebrar o ciclo. De vencer na vida e que só a educação proporcionaria uma vida melhor para todos nós. Quem a deu ouvidos, no muito ou no pouco se deu bem. Quem não a ouviu e preferiu o caminho fácil, posso citar o nome de 50 lápides.
Lembro-me de uma vez que ela me chamou a atenção e eu falei alguma coisa inaudível. Confesso que não me lembro o que eu disse, mas acredito que não tenha sido nada demais, mas ela se virou para mim e falou: "George, deixe de pilhéria, viu." Minha irmã ouviu essa chamada de atenção e passou a falar isso toda vez que eu fazia alguma brincadeira sem graça com ela.
Queria encontrar Dona Socorro e dar-lhe um abraço de agradecimento.