Um desfralde inesperado
2024 foi o ano em que sentimos a segurança de matricular Vicente na escola, quando completou 5 anos. Imitando o irmão, Inácio já quer ir também. O colocaremos o ano que vem aos 4 anos. Não que seja a nossa vontade, mas ele quer muito ir. Veste a farda do irmão, chora quando ver que Vicente não o faz companhia no berçário. Quando ver a professor Milena corre para abraçá-la, claro que tudo imitando o irmão.
Aline só queria que Vicente fosse à escola quando já usasse cueca. Sò que não estava sendo nada fácil. Era quase que um beco sem saída. Fazer xixi ou cocô sem a fralda era como uma guerra. Choro, gritos, pontapés. Ninguém era capaz de fazê-lo sentar no piniquinho que haviamos comprado.
Um dia, enquanto o preparávamos para deixá-lo no bercário, ele reclamou de um dor na coxa, perto da virilha. Quando fomos ver, era uma grande queimadura. O couro havia caído, estava em carne viva. Foi o maior desespero. Graças a Deus não somos desses pais que saem acusando culpados inexistentes nas redes sociais, até porque a única rede que temos é a da varanda. Antes de pensar em qualquer coisa, dei uma leve olhada pela cama, debaixo do colchão, debaixo da cama e nessa procura encontrei um bichinho, pequenininho, aparentemente inofensivo, chamado de Potó. Já estava morto.
Para quem não sabe, o Potó é um inseto. Um insetinho pequeno, mas com uma capacidade de causar uma queimadura de grandes proporções. Não sei cientificamente que arma ele tem, mas é um ácido. E quando ameaçado, o bichinho expeli o líquido e pronto, onde toca, queima. Nitidamente foi isso que aconteceu ao nosso pequeno Vicente.
Levamos ao médico, passamos uma pomada e aos pouco tudo foi se recuperando. Usamos pedagocicamente o episódio para iniciarmos o desfralde. Ao invés de falar que foi o Potó quem o machucou dissemos que foi a fralda. O desfralde foi imediato e instantâneo. O processo agora é o desfralde de Inácio. Claro que não queremos que seja algo tão traumático como foi com Vicente. Mas que o Potó ajudou, ajudou.