A VERDADE SEMPRE VEM À TONA

Hoje a professora do nosso mais velho ligou para minha esposa na hora do intervalo. Vicente estava chorando muito dizendo que tinha sido abandonado. Que a mãe tinha ido para João Pessoa e que tinha ficado só ele, o irmão e o pai. A professora preocupada ligou e ele mandou mensagem chorando dizendo que a amava.

 

Em casa, conversamos para entender o que tinha acontecido e ele, no momento de ato falho, revelou que só tinha chorado para a tia ficar com pena e não o colocar de castigo porque ele havia empurrado outro colega. Para não ir de castigo inventou a história de abandono por parte da mãe. 

 

Falamos que não podemos escapar das consequências de nossos atos por meio de mentiras. E que a professora sabendo do seu artifício de chorar para evitar a punição, quando ele realmente estivesse chorando por motivos verdadeiros, nem ela e nem ninguém iria acreditar nele. Aparentemente, ele compreendeu o que falamos.

 

Esse episódio me lembrou algo bastante parecido que aconteceu comigo. Eu devia ter uns 7 anos e cheguei mais cedo da escola. Mãe perguntou o que havia acontecido, eu disse que a professora tinha passado mal, caído no chão, e as crianças pegamos ela pelas mãos e pés e a colocamos no birô e depois veio a ambulância. Claro que tudo isso deixou minha mãe preocupada. No dia seguinte ela foi à escola e soube de toda a verdade. Eu havia mentido.

 

Mamãe conversou comigo da forma que nós conversamos ontem com o nosso pequeno. Eu fiquei muito envergonhado quando fui descoberto, antes de ser descoberto não me lembro qual o meu sentimento sobre a mentira que inventei, até hoje não sei porque menti.

 

 

 

 

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 10/08/2024
Reeditado em 10/08/2024
Código do texto: T8125914
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.