A primeira pescaria
Uma das memórias mais antigas que tenho do meu pai é dele e eu pescando na mata do Amém. Eu devia ter uns quatro anos, não mais do que isso. Não me lembro como chegamos lá e nem quando saímos. Só me lembro da gente pescando. Provavelmente foi a primeira vez que entrei naquela mata.
Era um riachinho. A água era bastante rasa e transparente. O nosso instrumento de pesca era um arrastinho. Pai ficava em uma ponta e eu noutra. Lá só tinha um peixinho. Um pequeno. Em todo o riacho só tinha nós três, meu pai, eu e o peixinho. Foi o meu primeiro prêmio. Acho que ele teve pena de mim e deixou-se ser envolvido em nossa rede. E bastou.
Pai o pegou , colocou num balde, enrolou a rede e fomos para casa. Assim, contando, parece que não foi lá grande coisa. Mas foi a minha primeira pescaria. E nunca me esqueci daquele momento.
Não comemos o peixinho. O criei por um tempo em um tanque que tínhamos no quintal. Um dia ele desapareceu. Pai falou que provavelmente um gato o comeu. Fiquei triste, mas pai me prometeu outro peixe.
Essa foi a minha primeira pescaria.