Caos estrutural
Pego meia dúzia de simbolismo barato
Minha consciência paranoica é um ninho de rato
O que me mata tá no meu inconsciente
É uma ilíada tentar ser resiliente
Ando pelas ruas e nem sei se eu volto
O que me assassina é aquilo que escolto
Meus demônios cospem na minha cara
Meu exorcismo é só com magia rara
Sigo no desgaste sendo um libertino
Freddy Krueger não é páreo para o assassino
Que reside nos meus pensamentos
Assassinando a sangue frio todos os meus sentimentos
Sigo vazio, andando no frio, o meu coração parece o Silent Hill
Vivo no Brasil, clima hostil, na bandeira tá implícito que a pátria faliu
Governo daqui segue a linha delirante
E cada segundo é mais um século lacerante
Aqui o som retumbante são corpos nas valas
E genocidas com espumantes reivindicam as senzalas
Desvio de dinheiro público dos ministérios
Pastor troca educação por uns quilos de minérios
Vindos do extrativismo ilegal
Do garimpo que avança em estado terminal
Não tem como ficar feliz
Aqui a desgraça jorra como um chafariz
Bem que gostaria de ficar alienado
Mas sempre percebo como tudo está errado
Inverteram os valores, inflamaram minhas dores
E ainda dizem para eu ficar calado
No país que convidam o mendigo aproveitador para ser deputado
Cansado, eu estou cansado
Não tenho sanidade, amor, paz, um chamego do lado
Tenho que seguir sempre adiante
No país que a estupidez tem um grito retumbante
Que atravessa os limites do Brasil
Não com balas de festim, mas com tiros de fuzil
Em corpos inocentes, em negros, estudantes
Aqui não a paz nem sequer por um instante
Escaldante, o clima é escaldante
Extinção em massa de um jeito que nunca vimos antes
E mesmo assim seguimos
É meio ambiente, a outra metade nós já destruímos
É queimada, enchente, desmatamento
Não adianta mais chorar com arrependimento
É o fim, é o sinal
Nesse jardim somos as flores do mal.