No Repique da Viola
Dormência Matutina
O vento leva e traz,
Os dedos correm em desabalada carreira,
Mourões em pé esticam o arame,
Cordel de passarada.
Vidas inertes,
Visitas que nunca vêm,
Portas e janelas abertas,
A insônia que não demorará chegar.
No largo da igreja,
Bancos vazios,
Flores desabrochando,
O tilintar dos sinos referem-se a hora do Ângelus;
Microfonia no coreto.
Moda de viola boa,
Acordes repicando as toadas,
Aos silentes e taciturnos,
Fazendo zoada.
Violeiros insurretos,
Com as violas enamoradas,
Atarracadas nos peitos sentidos,
Residência fixa,
Singela morada.
Nesse profundo devaneio,
Impossível despertar com um debulhado de cordas,
Em notas dedilhadas.
Que Eu seja acometido pela insanidade,
Pelo Pai,
Pelo Filho,
Espírito Santo,
Pela dormência matutina,
Vespertina também,
Solenes acordes,
Sonoramente,
Repicados;
Amém!