Cotidiano do Datena
Quebravam,
Desfiavam,
Enrolavam,
Pitavam.
Viajando na marola,
E apreciando os anéis de fumaça,
As estrelas no céu,
E as bolinhas do terço na Terra,
Contavam.
Puxado pela cuica,
Samba batido no fundo queimado da caçarola.
Conhecidos fregueses da biqueira,
Pediram fiado,
Foram confiados.
Na data combinada,
Fingiram desconhecer a dívida,
E nada pagaram.
Cobrados pelo credor,
De morte, foram jurados.
Churrasquearam na laje,
Curtiram o final de ano,
Talvez não emplacassem outro janeiro.
Ao notarem que a batata assava,
Sumiram no cemitério,
Ficando com finados.
Triste fim dos Salgueiros,
Família de caloteiros,
Traficantes, fumantes, maconheiros.
Campeões do naguilê,
Prêmio dado aos craqueiros.
Esse epísodio e outros tantos,
Direto do estúdio para as antenas.
Poeira e fumacê,
De drogas inclementes.
Repórteres nas ruas denunciam,
Os diários dos papelotes,
Endereços de mentes,
Toda tarde,
Diariamente.
E para ele, o senhor Datena,
âncora show da tarde:
"Me ajuda aí, gente",
Tudo dentro da normalidade,
Até a TCA: Trágica Cultura do Absurdo,
Mortes surreais,
Nada indecentes.