Cotidiano do Datena

Quebravam,

Desfiavam,

Enrolavam,

Pitavam.

Viajando na marola,

E apreciando os anéis de fumaça,

As estrelas no céu,

E as bolinhas do terço na Terra,

Contavam.

Puxado pela cuica,

Samba batido no fundo queimado da caçarola.

Conhecidos fregueses da biqueira,

Pediram fiado,

Foram confiados.

Na data combinada,

Fingiram desconhecer a dívida,

E nada pagaram.

Cobrados pelo credor,

De morte, foram jurados.

Churrasquearam na laje,

Curtiram o final de ano,

Talvez não emplacassem outro janeiro.

Ao notarem que a batata assava,

Sumiram no cemitério,

Ficando com finados.

Triste fim dos Salgueiros,

Família de caloteiros,

Traficantes, fumantes, maconheiros.

Campeões do naguilê,

Prêmio dado aos craqueiros.

Esse epísodio e outros tantos,

Direto do estúdio para as antenas.

Poeira e fumacê,

De drogas inclementes.

Repórteres nas ruas denunciam,

Os diários dos papelotes,

Endereços de mentes,

Toda tarde,

Diariamente.

E para ele, o senhor Datena,

âncora show da tarde:

"Me ajuda aí, gente",

Tudo dentro da normalidade,

Até a TCA: Trágica Cultura do Absurdo,

Mortes surreais,

Nada indecentes.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 02/11/2019
Reeditado em 02/11/2019
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