O Breu

Os jardins floresceram rápido nesses meses

que se passaram, e os olhos vivos,

aguardavam o presente incomparável.

Um lindo vestuário, à beira da cama, na

cor de marfim. Paredes coloridas em

contraste com a cortina jasmim.

No peito, algo mudara da maneira mais

radical. Os medos latentes se foram

sem ao menos emitir qualquer ruído.

O espesso nevoeiro, agora tímido, já

não atrapalha o meu percurso e assim

consigo vislumbrar muito além do horizonte.

A manhã chegou com lindos cantos, que

percorreram por todo o quarto. A ansiedade

ainda enorme, entre o concreto e abstrato.

Vejo a luz de minha própria escuridão

Tomei-a nos braços e o paraíso se

notou. Mas o breu achou as chaves

de meu fraco coração. A alegria

transtornada nesse instante se matou.

Tão frágil, sereno... observei-o por

minutos eternos. Chorei o choro mais

sentido, e desejei seguir o mesmo caminho.

Mas como seguir, se isso implicaria

em flagelos em outros pobres corações, tão

dependentes do meu eu mais forte.

As poucas lembranças nunca se perderam

nos vendavais furiosos de minha

consciência, sã e perturbada.

A morte tão precoce não foi capaz

de me deixar em ruínas. Não foi capaz

de me arrancar o último suspiro.

Vejo a luz de minha própria escuridão

Tomei-a nos braços e o paraíso se

notou. Mas o breu achou as chaves

de meu fraco coração. A alegria

transtornada nesse instante se matou.

Vejo a luz de minha própria escuridão...