CURIOSIDADES SOBRE A VIDA E A OBRA MUSICAL DE RAUL SEIXAS (20)

A MAIOR E A MENOR LETRA MUSICAL DE RAUL SEIXAS

É FIM DE MÊS, de 1975, com 3:02 de duração é, sem dúvida, a maior e mais extensa letra composta por Raul, levando em consideração que praticamente nenhum verso se repete durante a sua acelerada reprodução.

É FIM DE MÊS (Raul Seixas)

É fim do mês, é fim do mês, é fim do mês, é fim do mês!

Eu já paguei a conta do meu telefone,

eu já paguei por eu falar e já paguei por eu ouvir.

Eu já paguei a luz, o gás, o apartamento

Kitnet de um quarto que eu comprei a prestação

pela Caixa Federal, au, au, au,

eu não sou cachorro não (não, não, não)!

Eu liquidei, eu liquidei,

Eu liquidei a prestação do paletó, do meu sapato, da camisa

que eu comprei pra domingar com o meu amor

lá no Cristo, lá no Cristo Redentor, ela gostou (oh!) e mergulhou (oh!)

E o fim de mês vem outra vez!

E o fim de mês vem outra vez!

Eu já paguei o Peg-Pag, meu pecado, mais a conta do rosário

que eu comprei pra mim rezar, Ave Maria!

Eu também sou filho de Deus, se eu não rezar

eu não vou pro céu, céu, céu, céu.

É, já fui Pantera, já fui hippie, beatnik,

tinha o símbolo da paz pendurado no pescoço

Porque nego disse a mim que era o caminho da salvação.

Já fui católico, budista, protestante,

tenho livros na estante, todos tem a explicação.

Mas num achei! Mas procurei!

Pra você ver que eu procurei,

eu procurei fumar cigarro Hollywood,

que a televisão me diz que é o cigarro do sucesso.

Eu sou sucesso! Eu sou sucesso!

No posto Esso encho o tanque do meu carrinho

Bebo em troca meu cafezinho, que é cortesia da matriz.

"There's a tiger no chassis"... There's a tiger no chassis!

Do fim do mês ,já sou freguês!

Do fim do mês eu já sou freguês!

Eu já paguei o meu pecado na capela

sob a luz de sete velas que eu comprei pro meu Senhor

do Bonfim, olhar por mim!

Tô terminando a prestação do meu buraco,

meu lugar no cemitério pra não me preocupar

de não mais ter onde morrer.

Ainda bem que no mês que vem,

posso morrer, já tenho o meu tumbão,

o meu tumbão!

Quem me deve, não tem quem me pague...

Eu consultei e acreditei, no velho papo do tal psiquiatra

que te ensina como é que você vive alegremente,

acomodado e conformado de pagar tudo calado,

ser bancário ou empregado sem jamais se aborrecer...

Ele só quer, só pensa em adaptar, na profissão seu dever é adaptar...

Ele só quer, só pensa em adaptar, na profissão seu dever é adaptar!

Eu já paguei a prestação da geladeira,

do açougue fedorento que me vende carne podre

que eu tenho que comer,

que engolir sem vomitar.

Quando às vezes desconfio

se é gato, jegue ou mula

aquele talho de acém que eu comprei pra minha patroa

pra ela não, não, não me apoquentar,

É fim de mês, é fim de mês, é fim de mês, é fim de mês...

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PRELÚDIO, de 1974, com 1:09 de duração é, por sua vez, a menor letra composta por Raul Seixas. Na verdade, um pensamento e um poema que ele musicou para o LP GITA. Durante sua execução, a letra se repete três vezes seguidas, com diferentes entonações.

PRELÚDIO (Raul Seixas)

Sonho que se sonha só

É só um sonho que se sonha só.

Mas sonho que se sonha junto é realidade.