Campos de " cebada"
Cevada com "b" ? Sim ! Pois a canção está em espanhol, e a grafia é realmente com a letra "b" , portanto não há erro algum.
Esta canção foi terminada no final de março de 2006, como uma homenagem ao maior poeta espanhol do século XX , Garcia Lorca . Eu ainda faria outra canção em sua homenagem tempos depois , mas este é um outro assunto.
Busquei palavras que ele havia usado, para me aproximar do poeta, e instintivamente da minha mãe, que vivia recitando pedaços da sua poesia , que ela realmente amava. Como "Lorca", nos somos andaluzes também, e por isso sentimos tão latente a sua obra, já que nas entrelinhas saboria-se o ar de Granada.
" Venia del cielo en su caballo...oh...oh...
Tenia la noche enamorada...ah...ah...
Y cuando ella llegó en su vestido de lunares
Rosio de las flores, los campos de cebada...
Dos luceros verdes , dos campanas , dos ventanas
Un chorro del água, el charco y la manzana
Una voz tan cautiva, tan suave y tan lejana...
El água errante y amarilla
Como en la orilla, como en el monte
Mojava todas las hojas, él árbol y la mañana ...
Dos luceros verdes, dos campanas, dos ventanas
Un chorro del água, el charco y la manzana
Una voz tan cautiva, tan suave y tan lejana...
Venia dl cielo, en su caballo...oh..oh...."
O encontro de dois joves se passa em Granada, entre montanhas, vales e campinas verdejantes, como foi o lúdico cenário da vida de " Federico G.Lorca", em toda a sua obra. Os campos de cebada estava na minha imaginação, dourados e tão ricos quanto o próprio trigo, ondulando ao sabor da brisa .
Desenhei " la pareja" em fantasia, como para um conto de fadas, fora do nosso plano real, na intenção literária da poesia em prosa. " Venia del cielo en su caballo...y cuando ella llegó en su vestido de lunares..." Vejam que aqui estão elementos andaluzes, como o "caballo" , o vestido de " lunares" ( flamenco). Tento me colocar no tempo como sendo o do autor, o ínicio dos anos 20 , onde a juventude do poeta estava florescendo em sua obra.
" Dos luceros verdes, dos campanas, dos ventanas ", referem-se aos olhos verdes da moça, alegres como sinos e janelas.
A voz suave "y lejana", sedutora , sem um compromisso certo, como um breve flerte, e a música não se compromete com isso, é mais descritivo do que outra coisa, prende-se a atmosfera romântica do lugar.
A canção agradou pelo seu toque bem espanhol, um tanto flamenco, com poucos espaços,e solo forte de violão, interpretado pelo amigo Dan, mas aqui entre nós, eu gostaria de tê-la gravado de forma mais compassada na entrada do refrão, pois exige fôlego , e eu valorizo muito as letras em geral .
" Tenia la noche enamorada", significa que "la noche" lhe pertence, e a seguir o amanhecer, com suas cores e encantos "del rosio" ( orvalho), revelando as cores e a paisagem.
A harmonia nem sempre segue a lógica dos padrões, e nunca fiz questão de seguí-las, e para ser franco, pouco sei de padrões.
Federico Garcia Lorca foi morto pelas tropas franquistas na década de 30, o fuzilaram sumariamente durante a guerra civil espanhola, entre um grupo de camponeses . Ele era apenas um poeta, um intelectual inteligente e sensível, não um criminoso, e este foi mais uma vítima do ódio cego de falsas ideologias. O General Franco quando soube que a sua tropa matara Lorca, ficou irritado, e não sabemos se foi em razão da repercussão, ou da própria obra . Aqui deixo a interrogação, que se perpetuará pelos séculos ,enquanto a suas maravilhosas letras continuarem sendo recitadas, as claras e sem censuras , nos campos de "cebada".