Blues do Ocaso (Maurício Abdalla e Cecitonio Coelho)

Vejo flores no jardim que há muito já secou

Odores, sinto da rosa do pé que o tempo matou

Bebo água de um lago onde só lama restou

Trago o fumo de um cigarro que no cinzeiro apagou

Me aqueço em fogo apagado de lareira que nunca tive

Crio um pássaro calado que em gaiola não vive

Tomo a solidão nos braços e o ocaso vou saudar

Vogo em jangada sem vela que nunca esteve no mar

De real, só sua imagem, um capricho da memória

É o peso que vou carregar até o fim da minha história

Se sua face encontrar no mosaico dessa loucura

Faço o tempo retornar pra viver só de ternura