Milonga mulher
Meus dedos quando te tocam, arrancam esses gemidos.
Aperto mais contra o peito, quase perdendo os sentidos.
Tu gemes e eu suspiro, nesse balanço imperfeito.
Podes bailar noite inteira, me matas assim desse jeito.
Com tua dança de fêmea e essa voz maliciosa
Parece estar me chamando, falando toda dengosa.
No teu corpo de sereia, mais eu gosto de tocar.
Abre, fecha, serpenteia, até o dia raiar.
Só os meus dedos conseguem um diferente floreio.
Sem saber bem quem tu és, acordo do devaneio.
Vejo que és minha gaita, sanfona pra quem quiser.
Tens corpo de acordeona, te sinto como mulher.
***
(Música gravada no CD AquinoSul – 2002)