Romeu
Vejam só, andei por aí por ruas vazias,
estradas tão frias,
por corpos sem dó.
Vejam só, foram bocas tão secas,
sem mel, sem cerveja,
sem o vinho do amor.
Retalhos soltos da colcha de casal,
cores desbotadas fora do arsenal;
corpos sem portos,
urros e furtos,
teto sem feto,
afeto banal.
Quem teceu o medo do meu carnaval e cingiu o enredo
molhando os segredos, cinzas, do jornal?
Quem truncou as letras na linha matriz e colou confetes
nas retinas anis?
Foi você?
foi o apressado do seu coração
que não escutou o gritar do meu
e fantasiou o meu ser de ateu
que na avenida foi mais um romeu.