Tempestades

Quando o sol escurece eu deixo tudo por fazer,

fico à beira da janela com os olhos vagos na

imensidão negra e sufocante. Dou meia volta

em pequenos passos confusos, e caio sobre o

tapete da sala desejando a morte por um instante...

De repente me encontro à deriva em turbulentos

oceanos sob tempestades cinzentas e fortíssimas

ondas. Não há mais planos a se realizar porque as

estradas seguras que davam acesso aos lugares

desejáveis, foram totalmente destruídas.

Não há mais ninguém à quem amar, porque o amor que

havia em mim se esvaiu aos poucos, deixando

apenas a secura em meu peito. Somente um

mundo ignóbil está ao meu alcance e nele me

escondo de tudo e de todos!

A aflição que sinto é algo mortífero que corre desvairada pelo meu sangue em rítmo forte, e se aproxima a todo vapor do meu coração, com a incumbência de causar-lhe um terrível corte.

Aquela alegria que desfrutava a cada dia que nascia

não existe mais. Estou preso a esse barco frágil, e

sinto que a esperança me virou as costas sem nenhuma

explicação, e sumiu dos meus domínios em uma

simples passagem da noite.

Foi tudo tão rápido que ainda custo a acreditar no que estou vivendo. Apenas vou sentindo a dor esmagadora desse imenso açoite! Onde estão as crianças que corriam à vontade naquele lindo jardim florido?

Onde estão as conversas em tons agradáveis que vagavam com rumo certo frente a televisão da sala? Não consigo responder a essas questões porque:

Quando o sol escurece eu deixo tudo por fazer, fico à

beira da janela com os olhos vagos na imensidão

negra e sufocante. Dou meia volta em pequenos

passos confusos, e caio sobre o tapete da sala

desejando a morte por um instante.