MEU PUNHAL
Quem é o meu punhal?
Quem mata essa solidão?
Quem sonha sonhos sem futuro?
Quem vive em absurdos mundos?
O que te trará a dor?
O corte no lugar fatal?
O sangue já não é vermelho?
Não dá a outra face o espelho?
Quem é o meu punhal?
Quem mata minha imensidão?
Corri na contra-mão dos astros,
Bati contra o sinal fechado.
O que te dará a dor?
Quem pode achar no meu sorriso
A mesma luz e o mesmo brilho,
Que abria a porta ao Paraíso?
Quem é o meu punhal?
Quem esconderá a traição
Do rosto sob o manto negro,
De um sonho feito pesadelo?
O que faço à minha dor?
Escondo num lugar seguro?
Bem devagar e mais profundo,
Só vai durar mais um segundo...
Quem é o meu punhal?
Quem mata toda essa paixão?
Quem pagará o preço certo
Pelo jardim que é um deserto?
Que direi à minha dor,
Se ela nada perguntar,
E não houver nenhum silêncio,
Nenhum punhal p’ra me matar?