C O N T R A S T E
José Ribeiro de Oliveira
Ela é tão linda, tão linda, tão linda
Mas não sabe da vida, quase nada ainda.
Seus cabelos dourados,
Moldurando um disfarce,
Um mistério no olhar
Derramados nos ombros,
Qual pepita de ouro, a inebriar
Sorriso ainda ingênuo
Um convite ao prazer
É uma festa no olhar
Um poço de candura,
Tão gostoso de ver
Seu corpo flutua no chão
Balança mais que as folhas
Nas manhãs de verão
Seu gingado não deixa fugir
Um só olhar sequer
Em meio à multidão
Em passos tão suaves
Que parecem levar
Plumas de algodão
E desfila sem medo
De mostrar os segredos
De uma criatura
Que nasceu sem ter par
Ela é uma escultura
Que só foi feita em carne
Para nos perturbar.
Ela é tão linda, tão linda, tão linda
Mas não sabe da vida, quase nada ainda.