Labirinto

é feito um boi desgarrado, empostado no agito,

arrancando o pasto na base do grito

ou tipo o cara corado que faltou à missa,

bancou a quermesse, inventou a preguiça.

a morte que nunca me apresse,

dá-se um jeito pra tudo e não nisso,

repare que eu nem procuro enguiço,

pra ver de uma vez se o tempo me esquece.

é como um fato inventado por puro princípio,

a vida marcando, a saudade virando infalível vício,

ou na margem da viagem quem deu um sumiço,

perdeu a bagagem e embarcou a sandice

a morte que nunca me apresse,

dá-se um jeito pra tudo e não nisso,

repare que eu nem procuro enguiço,

pra ver de uma vez se o tempo me esquece.

diz que uma mesa ausente compõe a figura

que hoje faz falta em nossa postura

eu sei que à frente de toda candura

dorme um pouco da crueldade

é calamidade esquecer que presente,

sou toda patente da sua saudade

que o tempo invente de ficar de fora

do sonho imediato que eu vivo agora

espere lá fora, não seja ingrato,

às vias de fato sem ter força bruta

a minha conduta é estar tão perdido

a sua disputa é contra a sorte,

espero sair desse labirinto,

despistando as ruínas sortidas da morte.