da série músicas inesquecíveis: CANÇÃO DO NOVO MUNDO

Canção do Novo Mundo

Quem sonhou

Só vale se já sonhou demais

Vertente de muitas gerações

Gravado em nossos corações

Um nome se escreve fundo

As canções

Em nossa memória vão ficar

Profundas raízes vão crescer

A luz das pessoas me faz crer

Eu sinto que vamos juntos

Ó, nem o tempo, amigo

Nem a força bruta pode um sonho apagar

Quem perdeu o trem da história por querer

Saiu do juízo sem saber

Foi mais um covarde a se esconder

Diante de um novo mundo

Quem souber

Dizer a exata explicação

Me diz como pode acontecer

Um simples canalha mata um rei

Em menos de um segundo

Ó, minha estrela amiga

Por quê você não fez a bala parar?

Eu li em um jornal, naquele início dos anos 80: cinco tiros abrem novos rumos... os tiros haviam na realidade fechado uma vida, fechado uma janela que jorrava compreensão sobre o presente, vontade de alegorias, entusiasmo, criação, atitude... quem tinha o auto-elogio e a autocrítica concomitantes, por isto mesmo verdadeiro, inteiro... o sonho acabara bem antes, restara a militância exposta da força de um mito... cinco tiros nos tiraram isto, e nada ficou, nem os sonhos, nem a luta, nem a verdade... o assassino queria apenas exposição, e conseguiu, teve seu nome escrito e comentado no mundo todo, teve entrevistas, livros e claro, filme sobre si... o sistema rolou sua pedra de triturar amor alegria e resistência... a força das armas, do dinheiro, da mídia, estão aí. Nem precisamos do Lennon para enxergar... no entanto, sem ele, sem outros, é como se não soubéssemos, continuamos sob a pedra de mó, pó que somos....