SAUDADES DA ASA BRANCA
SAUDADES DA ASA BRANCA
A asa branca não se vê mais no sertão,
No inverno ou no verão,
Não se vê seu avuar.
Se cai a chuva, não tem mais roça queimada,
Rosinha e a fiarada,
Não vem mais me esperar.
Lá não tem mais vaqueiro, não tem mais a vaquejada,
Forró de pé-de-serra,
Não se vê mais a tocar.
Sanfona branca e gibão tão no museu,
O sertanejo esqueceu
Quem mais cantou seu penar.
A tarde cai sem a rede na varanda,
Da farinhada sinto o cheiro pelo ar.
Amanhecendo, não vou mais ver meu cavalo,
Não ouço mais o galo um novo dia anunciar.
Não tem mais festas pra dançar a noite inteira,
Ao redor da fogueira, até o dia clarear.
Ai que saudade das noites de São João,
Lá no terreiro o fole pronto pra tocar,
E a lua cheia trazendo gente de moio,
E esperança no zoio de um amor encontrar.
No Céu estrelas bordando nossa ilusão.
E o coração pedindo pra noite não se acabar.
Mas meu sertão entristeceu,
Parece que morreu a vida naquele lugar.