UM AMIGO INCOMUM
 
         Seguindo em direção a estrada Zé-maria segue caminhando lentamente olhando pra trás para vê se ainda podia enxergar seu amigo Vaqueiro. Sem poder vê-lo mais começa a andar sem pressa, naquele momento lhe aparecia um pouco de desânimo, seu corpo parecia cansado ou algum pensamento o tirava de seu verdadeiro rumo. Por alguns minutos Zé-maria caminhou despercebido da caatinga, parecia se entregar ao destino, por alguma razão sua fé tinha tirado certo momento de descanso ou o esquecido.
          Uma voz ecoou, mas Zé-maria estava tão desacreditado que achou que era invenção de sua mente, não deu importância. Mas a voz foi ficando mais audível e repetitiva, um olhar de atenção em direção à voz fez Zé-maria despertar seus sentidos. A voz agora era válida e chamava atenção, pois parecia alguém pedindo socorro. Bem a frente tinha alguns pés de caroás e era de lá que a voz vinha insistindo por socorro.
         Com bastante precaução Zé-maria começa a se aproximar dos pés de caroás, de debaixo de uns dos pés um nhambu alçou um pequeno voo, parecia não se senti ameaçado. Em outro instante um preá correu sobre os gravetos secos deixando aquele barulho peculiar que se ouve durante o período mais seco do sertão.
          Com atenção e desconfiado Zé-maria se aproxima, a voz tinha cessado por aqueles instantes, mas com sua aproximação e agora mais nítida soa o pedido de socorro:
     - Tem alguém ai? Socorro, por favor, me ajude? – Diz a voz assustando Zé-maria que fica atento olhando de um lado para o outro procurando de onde vinha à voz.
     - Onde você tá, quem é você? – Diz Zé-maria ainda espantado com aquela voz grave.
     - Estou aqui, tá vendo não, olha direito seu cego. – Diz a voz invocando mais ainda Zé-maria.
     - Mas não estou vendo ninguém? Onde você tá? – Diz Zé-maria olhando por todos os lados observando aquela vegetação baixa de folhas secas sem muito sucesso.
     - Você deve ser abestado, eu estou amarrado aqui nesse pé de caroá, tá vendo não seu cego. – Diz a voz deixando Zé-maria mais intrigado, como um caroá tão pequeno e mesmo assim não podia vê alguém lá.
     - Tá bom, tudo bem, estou indo ai, calma que chego logo. – Diz Zé-maria caminhando em direção do pé de caroá.
          Com cautela Zé-maria chega bem perto do pé de caroá de onde estava vindo a voz, com um olhar criterioso procura quem clama por socorro e para sua surpresa vê apenas uma papagaio com pequeno pedaço de pano como tapa olhos e amarrado com um barbante feito de caroá.
         Apesar do sofrimento, da fome e o dia não ter sido bom, Zé-maria esboça um sorriso com aquela cena, quem já viu aquilo, um papagaio pedindo socorro, amarrado e com um tapa olho, era coisa para rir sem parar. Mas aquela voz rude não parava de clamar por socorro.
     - Pode ficar tranquilo seu papagaio, vou lhe soltar, mas quem fez isso com você? Como veio parar aqui nessa caatinga? – Diz Zé-maria expressando um leve sorriso com a cena que vê ali.
     - Olha aqui moleque, sou um papagaio-verdadeiro e aquela infeliz nora de minha dona me deixou aqui sem ela saber, ela e o marido colocaram remédio pra veia dormir e de propósito me deixou aqui pra aquele francês vim me pegar. – Diz o Sibito com raiva.
     - Quem vem te pegar, que francês é esse? – Diz Zé-maria assustado, já imaginando o homem estranho da rural que parou na estrada.
     - É o tal de Pierre, Paleontólogo, mas na verdade ele fica é traficando minha família lá pra o país dele, minha dona nunca quis me vender, mas ele ia lá todo mês, queria que ela vendesse para que eu o levasse até minha família que se esconde numa serra aqui por perto da região. – Diz Sibito contando o que sabe sobre o misterioso homem.
     - Por isso eu vi um homem muito estranho agora a pouco na estrada, estava num carro velho que fazia muito barulho e poeira, ele ficou olhando de um lado para outro, então me embrenhei na caatinga fugindo dele, acho que ele mi viu, mas não entrou na mata. Foi quando encontrei o Vaqueiro que me deu alguns conselhos e me fez voltar de novo para perto da estrada, ele me falou pra ficar a margem, nem andar nela, nem entrar na mata, o perigo fica nestes dois lugares. Foi nessa minha volta que ouvi teu chamado, no inicio nem acreditei, mas depois vi que era alguém, mas não imaginei que era um passarinho falante. – Diz Zé-maria explicando um pouco de sua aventura naquele momento.
     - Olha aqui moleque, não sou um passarinho falante, eu me chamo Sibito e fui bem ensinado, falo muitas palavras e sei dos perigos que estão ai, pensa que sou bobo. – Diz Sibito com altivez.
     - Meu nome é Zé-maria, me perdi de minha família lá no juazeiro grande depois da travessia do rio São Francisco, estava com dor de barriga e fui ao mato fazer cocô quando voltei não tinha mais ninguém, o pau-de-arara já tinha ganhando o estradão, nem poeira tinham mais. – Diz Zé-maria meio desolado com a situação que se encontrava.
     - Então somos dois abandonados, temos que nos unir e encontrar nossas famílias. – Diz Sibito demonstrando sentimento por sua dona.
     - Você deve está de brincadeira, uma passarinho querendo encontrar uma família, que não é a sua, ainda por cima querendo dizer que vai me ajudar, como pensa em fazer isso meu camarada? – Fala Zé-maria com um pouco de arrogância.
     - Já te falei que sou um papagaio verdadeiro e além da falar quase tudo sei de vários truques para nos salvar e conseguir chegar ao sul pode acreditar meu jovem. – Diz Sibito com orgulho.
     - Tudo bem, mas se a nora de sua dona não lhe quer lá, como vai viver com eles, me diga? – Diz Zé-maria questionando Sibito.
     - Não se preocupe, eu dou um jeito, mas o que quero mesmo fazer é proteger minha família que ainda vive lá na serra, tenho que ir com você lá para as bandas do sul, só assim ele vai deixar todos em paz, se ele me pegar vai me trancar numa gaiola e vai até a serra, minha família me vendo trancado vai se aproximar então ele pega todos entendeu, não posso deixar minha família correr riscos, eu já sou domesticado, mas eles não, além disso, estão pegando nossos filhotes muitos novos, isso faz com que morram, estamos já em extinção, tenho que fazer esse tal de Pierre ir para aquelas bandas pensando que minha família tá lá, entendeu. – Fala Sibite com bastante pesar tentando convencer Zé-maria.
     - Tudo bem, vou te levar, mas entenda não se meta com coisa errada, para todos os efeitos você é meu papagaio de estimação. – Explica Zé-maria com seriedade.
     - Tudo bem meu doninho, vou me comportar, mas não esqueça que sou seu parceiro viu. – Fala Sibito com orgulho levantando a pata para subir no braço de Zé-maria chegando até o ombro deixando a folha verde e pontiaguda do caroá para trás.
         Apesar de tantos acontecimentos em apenas uma manhã nada tirava o medo de sua feição como também o objetivo de Zé-maria em encontrar sua família seguindo aquela estrada que parecia não ter fim. Agora com um amigo incomum o qual tinha que zelar e proteger as coisas iam ficar mais difíceis, além de ficar atento aos ataques do Paleontólogo francês Pierre que andava por ali espreitando a presença de Sibito, como se soubesse da ação da nora perversa que não o queria com eles lá no sul.
         O fim da manhã se aproximava, dava para perceber pela altura do sol quente que começava a deixar as sombras das pequenas árvores menores ainda. Seu estômago protestou alguma coisa, chegava perto do almoço, agora tinha que achar alguma coisa para comer e pelo jeito da secura que tirava a beleza da caatinga a coisa ia ser difícil, perdido, sem poder andar na estrada e sem poder adentrar a mata para tentar encontra alguma coisa pra comer, como iria se virar, além disso, tinha um amigo incomum para alimentar também, ali não tinha frutas, tão pouco milho para matar a fome de seu amigo.
         Apesar do horário uma risada que mais parecia um grito de tão alto ecoou toda caatinga provocando medo e aflição a Zé-maria que ficou olhando de um lado para o outro procurando de onde vinha aquela algazarra tão alta e estranha.
         O medo lhe arregalou os olhos e o fez tentar se esconder por trás de uma aroeira ainda jovem com poucas folhas que tentava sobreviver à seca do sertão. Sibito erguendo suas asas para não cair foi longo explicando:
     - Fica calmo ai garoto, isso é um pássaro, não tenha medo, ele faz isso logo pela manhã ou tardezinha, só não sei por que fez isso agora. – Fala Sibito como se conhece aquele pássaro.
     - Então me diga que pássaro é esse, será que ele faz isso a noite, me assustei se acontecer isso no anoitecer vou morrer de medo. – Diz Zé-maria querendo uma explicação de seu amigo incomum.
     - Isso é uma Acauã, um falcão da caatinga, mas não se preocupe, ele não se alimenta da gente, ele come calangos e cobras, tendo ele por perto podemos até dizer que estamos fora de perigo das peçonhentas. – Explica Sibito se dizendo conhecedor da caatinga.
     - Mas se ele só canta de manhã e antes de escurecer, agora o sol tá na parte mais alta do céu, o que será que ele viu? – Diz Zé-maria desconfiado.
     - Pode ser que ele tenha invadido algum ninho de outro gavião e tenha ovos ou filhotes, isso realmente não é comum, acho que ele tá com medo ou viu alguma coisa que o assustou, vamos tomar cuidado e tentar descobrir o que foi. – Diz Sibito querendo tomar decisão como se fosse enfrentar algum perigo.
     - O que você pensa que é uma água, uma onça preta, falando nisso me explique por que tem esse nome tão esquisito e se você bem sabe Sibito é um passarinho bem pequenino, por que te colocaram esse nome. – Diz Zé-maria com um leve sorriso no rosto e com um pouco de maldade na fala.
     - Quem me colocou esse nome foi minha dona, quando invadiram o ninho dos meus pais e nos pegaram ficamos muito tempo sem comer, o caçador trabalhava para esse terrível Pierre e durante o trajeto não nos alimentou. Meus irmãos morreram e apenas eu sobrevivi, o caçador pensando que ia morrer logo me deixou jogado junto com os pequenos corpos num canto, minha dona vendo aquilo foi lá mexer nos corpinhos mortos e para sua surpresa eu ainda me mexia, então ela me pegou e colocou papa de milho e frutas em meu bico até eu sobreviver, como tinha passado muita fome demorei em crescer, então ela começou a me chamar de Sibito por que não crescia rápido, entendeu. – Explica sua história Sibito enquanto baixa a cabeça e deixa seu olhar triste aparecer pela metade dos olhos como se suas lembranças trouxessem recordação de sua dona, sua salvadora.
     - Muito linda sua história, mas vamos ficar atentos, se não for uma cobra que estar assustando a Acauã pode ser esse malvado Pierre ou seu caçador procurando você. – Diz Zé-maria alertando o amigo incomum.
     - Tem razão meu amigo, vamos com cautela, vou subir nessa aroeira até o topo para vê melhor, se tiver alguém ali pela aquela baixada em vejo tudo, pode deixar. – Diz Sibito já escalando a aroeira com suas patas e seu bico pontiagudo.
     - Vai com cuidado e vê se não abre o bico ou vai nos denunciar aqui seu tagarela. – Diz Zé-maria provocando Sibito que já se encontra quase no meio da aroeira.
     - Pode deixar meu amigo, sei o que estou fazendo. – Responde Sibito enquanto para um instante e olha para caatinga muito castigada pela seca.
         Novamente a caatinga é invadida pelo canto bem alto imitando uma grande risada, a acauã parece inquieta e temerosa em seu habitar. Sibito chega ao topo da aroeira e começa a olhar por todos os cantos da caatinga na tentativa de encontrar quem provoca a acauã. Após um olhar mais preciso Sibito vê perto de um grande pé de xiquexique o vulto de um humano, seus olhos arregalam quando reconhece o malvado caçador. Sem pensar duas vezes Sibito desce e fica com os olhos arregalados olhando para Zé-maria. Percebendo aquele olhar tenso Zé-maria logo prevê que é os algozes perseguidores de Sibito estão por ali.
     - Vamos sair daqui, vamos para a estrada. – Diz Zé-maria colocando Sibito em seu ombro.
     - Mas o Vaqueiro não disse que não podemos ir lá, vai desobedecer à orientação de seu breve amigo. – Diz Sibito preocupado.
     - Vamos, mas não ficaremos lá por muito tempo, é só para despistar esses caçadores ruins. – Explica Zé-maria.
     - Agora não entendi se lá corremos perigo, por que vamos para lá? – Diz Sibito ainda preocupado com a atitude de Zé-maria.
     - Se eles estão bem dentro da caatinga, quer dizer que deixaram a rural lá na beira da estrada, por que aqui nessa mata cheia de espinho e pedregulho eles não iam trazer o carro. – Explica Zé-maria.
     - Mas isso quer dizer o quê? – Pergunta Sibito ainda na dúvida.
     - Enquanto eles estiverem procurando sua família ou então tentando pegar os filhotes de acauã teremos tempo de sobra para pegar comida e água na rural velha. – Continua explicando Zé-maria.
     - Muito bem, agora faz sentido nossa ida pra a estrada. – Fala Sibito entendendo a presa de Zé-maria em chegar à estrada.
          Depois de algum tempo Zé-maria com Sibito em seu ombro chega à estrada. Com cuidado observa bem até encontrar a velha rural parada debaixo de um pé de avelós a margem da estrada.
          Com cuidado Zé-maria procura os alimentos e a água na velha rural, coloca-os em um saco de estopa e volta para dentro da caatinga. Antes de deixar a margem da estrada um barulho chama atenção, um caminhão muito velho, coberto por uma lona encardida vem levantando poeira pela no estradão seco. Na tentativa de saber quem é e com cuidado Zé-maria e Sibito fica a espreita observando que são os ocupantes do velho caminhão.
         O caminhão velho começa a parar enquanto encosta-se à velha rural debaixo do pé de avelós. Um homem desce e vistoria a rural tentando saber se ali tinha alguém, vendo que não tem ninguém outros descem do velho caminhão e tentam vasculhar. Os homens tiram algumas coisas da velha rural, apenas o que querem. Uma mulher com um vestido florido e longo desce do velho caminhão e dar uma ordem. Os homens obedecem e voltam para o caminhão velho coberto com uma lona encardida.
          Nesse momento uma menina de cabelos aloirados cacheados tenta descer e é impedida pela mulher que grita com voz altiva para que a mesmo fique quieta. Aquela menina é bem diferente dos demais, todos parecem morenos de cabelos pretos, ela é bem diferente, parecia não estar ali por sua vontade ou quem cuidasse dela não quisesse que ela tivesse contato com outras pessoas.
          Todos se apresam, parece perceber que alguém vai chegar. O velho caminhão dar marcha ré e ganha o estradão levantando poeira, nesse momento chegam a rural velha o caçador e o paleontólogo Pierre correndo.
          Quando o velho caminhão começa a dar ré à menina de cabelos louros cacheados aparece pela parte aberta da grande lona encardida e olha na direção de Zé-maria. Seu olhar revela um penar ou alguma coisa que não lhe deixa feliz, respondendo seu olhar Zé-maria fica parado enquanto o caminhão faz a manobra e se apruma na estrada.
          Pierre após saber que foi saqueado, pega seu chapéu de palha e o joga no chão com raiva enquanto o caçador tenta descobrir se sobrou alguma coisa dentro da rural.
         Bem perto dali a espreita Zé-maria e Sibito ficam observando aquela cena sem poder esboçar qualquer sorriso e tranquilo por que o paleontólogo Pierre e o caçador não iriam desconfiar do que fizeram.
        Após algum tempo, depois de se alimentarem, vão seguindo o caminho, andando a margem da estrada. Sibito observa que Zé-maria se encontra desatendo ou muito pensativo e para provocar após ter observado como o amigo olhou para a menina fala:
     - Você ficou com pena ou o coraçãozinho ai bateu mais forte, vi como você olhou para aquela menina, isso não é bom, sabe que paixão demais leva para o caixão, já dizia um velho deitado. – Fala Sibito declamando sua vã filosofia decorada.
     - Acho que aquela menina não é daquele povo, acho que são ciganos, lembro que minha mãe sempre avisava para ter cuidado com os ciganos, eles roubam crianças e vive pelo mundo, ninguém volta se for roubado. – Diz Zé-maria demonstrando um pouco de sentimento pela a menina.
     - Pronto agora lascou, é paixão, será que você não se enganou isso pode ser perigoso. – Fala Sibito tentando alertar Zé-maria.
     - Tenho certeza que aquela menina não gosta deles, seu olhar era de pena, estão escondendo ela lá. – Diz Zé-maria com convicção.
     - Tudo bem, tudo bem, se a gente encontrar ela pelo caminho vamos procurar se isso é verdade, se for vamos tirar ela de lá. – Diz Sibito tentando deixar Zé-maria mais contente.
     - Como vamos, o que você vai fazer, lembra-se que você é um papagaio e não um humano. – Diz Zé-maria provocando Sibito.
     - Tudo bem, mas dou apoio moral, acredite vai dar certo. – Diz Sibito aceitando a provocação.
     - Vamos deixar de conversa que a tarde é muito quente e temos que andar até chegar a um lugar seguro para pernoitar ou vamos ficar em apuros. – Alerta Zé-maria pensando na chegada da noite.
     - Posso ir contando umas piadinhas que minha dona me ensinou. – Diz Sibito querendo animar a caminhada na margem da estrada pela caatinga seca do sertão.
     - Pode contar, mas se secar a língua é problema seu, tem pouca água e temos a tarde toda para andar. – Alerta Zé-maria.
     - Você não sabe que papagaio já tem a língua seca, então deixa comigo, bebo pouca água. – Diz Sibito começando a contar uma piada sem graça.
          O sol parece maior e mais quente enquanto começa a se declinar no céu, pouco se ouve na caatinga, algum grilo ou cigarra tenta fazer algum barulho, além disso, nada se ouve a não ser o barulho das passadas de Zé-maria pisando nas folhas secas caídas pelo chão da caatinga do sertão.
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 12/08/2013
Código do texto: T4431708
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