" NEGA... PRETA..."
Após ter passado boa parte do domingo estudando e elaborando petições recebo um convite de minha mãe Yvonne para lancharmos em uma conhecida cafeteria paulistana. De pronto e sem reservas acabo por aceitar sua gentileza e num ápice já estou vestida e maquiada...
Estamos caminhando pela Praça General Polydoro, quando em um dado momento avisto um rapazola deixando um gatinho preto ao abrigo de uma árvore. Corro em seu encalço, chamo-o, mas tais condutas revelam-se infrutíferas, pois o moço em um ato de desespero abandona o bichinho em virtude de sua penúria financeira!
Começamos então a procurar pelo gatinho, que muito tímida e candidamente começa a miar saindo debaixo de um automóvel; seu esconderijo improvisado!
Com a alma entrecortada de emoção digo à minha mãe:
_ " Não posso ver isto, me corta o coração"
No mesmo instante, mamãe se abaixa e aninha o pobre bichaninho em seus braços, que carente de afeto e proteção faz do regaço de mamãe seu porto seguro...
Começamos a difícil e quase impossível tarefa de arrumarmos um lar para o animalzinho, que àquela altura dos acontecimentos já havia conquistado plenamente nossos desvelos e atenções... Ao observamos melhor, nos certificamos tratar-se de uma gatinha, aparentando em torno de quatro ou cinco meses de idade, muito dócil e com grande amor represado em seu "coraçãozinho"...
Decidimos procurar primeiramente um simpaticíssimo casal mais experiente (como diria nosso amigo Roberto Pelegrino)o qual mora nas adjacências de nossa residência. Ao tocarmos a campainha somos rapidamente bem recebidas pelas "almas gêmeas paulistanas" e pedimos então a gentileza concernente em hospedar a gatinha por alguns dias, enquanto não encontrássemos efetivamente um novo dono para ela. Com muita brandura, o senhor me explica que não poderá nos prestar tal obséquio, pois possuem um cão bravio que oferece perigo até mesmo aos felinos da casa, o que faria então à uma gatinha intrusa?
Em um gesto de grande bondade eles oferecem ração à gatinha que se alimenta com visível avidez! Após a rica troca de ideias e o amável favor resolvemos nos despedir; e assim continuamos a nossa jornada dominical...
Resolvemos procurar então um médico veterinário que costumeiramente abriga animais para adoção... Quando o seu rosto assoma à porta, meu semblante adquire foros de alegria! Mas, contrariamente ao esperado, tal tentativa malogra, pois o profissional alega não possuir uma gaiola para acondicioná-la... Frustrada em meus propósitos,enraivecida deixo a emoção falar:
" Mas com esta fera, digo apontado para um enorme cachorro Bull Terrier você fica, só porque se trata de um cão caro e de raça? E ela é uma coitadinha, vira -latinha, pretinha..."
À medida que andávamos, eu ia pedindo a Jesus e a São Miguel Arcanjo que auxiliassem a bichinha... Em última instância, penso eu, ela ficará em meu quarto e nós aos poucos iremos promovendo a ambientação com minhas outras duas gatas já adultas; Pequenote Francisca e Princesa Francisca.
Ao cabo de quase duas horas nos deparamos com a porta da Oficina de Serralheria aberta. Entramos e Micael ,filho do Zé Carlos, e da Cida à primeira vista se enternece pela gatinha... Sai correndo em disparada à procura do pai, que ao ver a "menininha" apenas receia que a mesma não se acostume a viver lá, pois a acha meio crescidinha...
Minha mãe então diz a ele:
" ___ Não Zé Carlos, ela é ainda um filhote. Está em uma ótima fase para ser adotada, já não se alimenta mais de leite materno, está fortinha e é muito mansinha".
O casal então decide pela adoção. Quase todos os dias mamãe passa por lá e sempre encontra a "Nega" ao lado do Zé Carlos, ou de sua mulher Cida ,ou então brincando alegremente com o Micael; adaptada que está perfeitamente ao seu novo lar...
Zé Carlos costuma brincar assim com ela ao dizer:
_ " Nega, Preta"!
E ela daquela maneira charmosa , irresistivelmente carinhosa exclusiva de seu temperamento felino responde:
" Miauuuu!"
* Nota da Recantista: Dedicado à Cida e seu marido Zé Carlos, ao filho do casal Micael, os quais acolheram com muito amor esta linda gatinha. Também dedicado à minha tia e madrinha Dayse P.P. Rocha, à minha prima Marilia P. Rocha, às minhas amigas Ana L. Cicilini, Taysa E. Cardoso, Martha R. Manoel, Mayara Siqueira,Daidy Peterlevitz, aos meus amigos Marcelo R. Siqueira, João M. G. Carnide, e aos Recantistas que amam os animais: Neusa Staut, M. Luiza Martins ( que escreveu uma linda crônica em homenagem à minha gata Princesa Francisca) Mel Redi, Petrovana (Verônica), Isabel Ramos, Rosa Ambience,Conceição Gomes, Nadir D´Onofrio, Ana Marly de Oliveira Jacobino, Carmem Lucia, Lu Genovez, Jacó Filho, Claiton Scherer,Cícero Dantas, Christiano Nunes, Wilson Kocis, Wilson Correia, Marco Orsi...