O MUNDO DE CLARA
A lua de Clara que passava
Pela noite adentro
Era amarela como o sol
E dourado como os raios
Que cintilava com o vento
Que abraçava a cidade
Colorindo as madrugadas
Fazendo surgir um clarão
Quando raiava o dia
Sorrindo para vida
Do mundo encantado
Que Clara imaginava...
Em seu mundo encantador.
Em sonho tão singelo
Que acalantava os moradores
Daquela pacata cidade.
O céu de picolé
Nevava sobre os pinhais
E as margaridas sorridentes
Acordavam toda as roseiras
Para em feste cantarem
O despertar do novo dia
Com o colorido do algodão
Que reinava sobre a relva
Embelezando os vales
Que pintavam a paisagem
Pelos campos silvestres
Que alegremente poetizava
O dia da menina Clara
Que bailava como um cisne
Nos lagos aquarelados
Que havia se formado
Pelo encanto primaveral
Das águas dos rios.
A igreja azulejada
Parecia bordados
Que as senhoras em coro
Rezavam com seus botões
Colando em tela rendadas
Com todas as formas de cores
Ao alinharem a oração do dia
Pelos azulejos de amor em paz
Como sugeria o padre
Pela voz da Ave Maria.
A praça que Clara passeava
Tinha bancos de chocolate
Coreto de sorvetes
Com casquinha de amora
E sem perceber pelo encanto
Clara se lambuçava toda
E as velhas senhoras
Diziam em música
Que era hora de usar
A varinha mágica
Para Clara bainhar-se
Com o perfume das flores.
As casas eram coloridas
Como pão doce
Com cheiro de erva-doce
E recheio de avelã
Que fazia a criançada feliz
E Clara muito alegremente
Com fios de ovos
Que balançavam pelo vento
Que o leque abanava
Suspiros de saudade
Para quem chegava a cidade
Vendo o sol se pôr
Na serra dos morangos
Próximo da igreja matriz
Que iluminava toda a cidade
por mais um dia feliz.