Episódio 1: Amor

Da série: Construtivando (nota 1)

(Pituquinha e suas estórias) (nota 2)

A professora pediu para a turminha falar a maior palavra que sabiam.

Pitoco falou em pitoquês “espaladapu”; Tininha tentou falar paralelepípedo, mas aí já viu, né! Foi um desastre, no bom sentido é claro: riu mais do que tentou pronunciar a palavra. Muitos coleguinhas tentaram em vão: “contitução” (constituição), “êtadinaru” (extraordinário), “biloteca” (biblioteca) e assim por diante. A sala era uma algazarra só, a começar pela professora, tia Virgínia — ou tia Nubinha como era conhecida pela molecadinha — que, embora adulta, era a que mais se divertia. Quando chegou a vez da Pituquinha, a professora ficou ansiosa, afinal ela era a mais esperta da classe. A garotinha de covinha no rosto, trancinhas finalizadas com um lacinho vermelho de bolinhas amarelas e um charmoso vazio central na arcada dentária superior, disse com cara de sabida:

— Amor

— Amor? Retrucou a surpresa professora:

— E desde quando Amor é uma palavra grande?

— É sim, tia Nubinha, meu pai que disse

— Tem certeza?

— É que outro dia ele “tava” com a mamãe, com eu (ela quis dizer comigo) e com meu irmãozinho, o Lelequinho, o bebezinho, mais novo integrante da família e ele falou assim: “ Querida, o meu amor por você e pelas crianças é tão grande, mas tão grande que não cabe aqui dentro”.

— Aí eu disse: “Papai, o seu amor é “mais grande” que um avião”?

— “Maior, meu anjo”.

— “Mais grande” que um navio”?

— “É maior que o universo, minha princesa”.

— Eu não sei direito o que é esse tal de “univesso”, mas se o papai disse, então o Amor deve ser a maior palavra do mundo.

Notas:

(1) “Construtivando” é um neologismo derivado de Construtivismo: corrente de pensamento que ganhou projeção pela obra de Jean Piaget, a qual valorizava o processo de aquisição do conhecimento por intermédio da interação do homem com o meio, ou seja, pela percepção da realidade, em oposição aos modelos conceituais pré-concebidos.

(2) Pituquinha é uma menininha de 5 anos muito serelepe que adora aprender coisas novas e contar para a sua professora, “tia” Nubinha, e seus amiguinhos. De vez em quando, ela também faz umas perguntas engraçadas para a “pró”, seu pai, sua mãe, seu tio e com quem mais ela puder conversar

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© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

Novembro/2017

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 19/05/2018
Reeditado em 25/06/2018
Código do texto: T6340756
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