Assombroso mundo meu: Medo do escuro
     

     Acabara de ouvir as doze badaladas do relógio da igreja. No silêncio do seu quarto começavam a surgir os primeiros barulinhos noturnos. Os sons da rua também chegavam até os seus tímpanos. Rebeca se encolhia na cama feito tartaruga que se recolhe na sua carapaça, cobrindo-se dos pés a cabeça e colocando as suas mãos sobre o rosto, como se o seu ato pudesse esconder as imagens que se estampavam em sua mente.
     O barulho advindo da rua próxima a sua a fazia enxergar um novo mundo, existente apenas na sua imaginação. Entretanto, para Rebeca tudo parecia visível e real. Via e ouvia ao longe o som de seres encantados que dançavam em frente a casa da dona Palmira, uma velhinha de cabelos brancos feito o algodão, que morava sozinha numa casa que se elevava sobre uma larga calçada.
     Estes seres encantados que estavam numa espécie de círculo formado no terreiro da velhinha, pareciam dançar, cantar e gargalhar numa espécie de culto a lua . Rebeca agora, encontrava-se imóvel, paralisada pelo medo crescente daqueles seres. Sabia ela que eles seriam capazes de pressentirem a sua presença naquele quarto escuro. De repente, ela começa a perceber um som mais forte, rouco, como um grunhido de um javali. O barulho se intensifica, a medida que os seus olhos se cerram num intuito de apagar as suas visões.
      Aos poucos Rebeca vai percebendo que aquele barulho estranho vem do quarto ao lado e que provavelmente seria o som do ronco do seu pai, porém essa constatação em nada acalma o seu coração, afugentado pelas imagens  da sua imaginação.

 


Imagens google

 
 Van Gogh

Márcia Kaline Paula de Azevedo
Enviado por Márcia Kaline Paula de Azevedo em 16/12/2012
Reeditado em 16/12/2012
Código do texto: T4038660
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