O medo

Tetê é uma garotinha

Que sempre se achou muito valente!

Diz não ter medo de bicho,

de escuro ou de gente.

Sentia orgulho em se gabar

Com essa história da coragem

nunca lhe faltar

Até que um dia a Tetê percebeu

Que em sua boquinha

um dentinho amoleceu.

Sem saber o que fazer

com essa nova confusão

Resolveu fugir um pouco

Para encontrar a solução!

Se contasse à mamãe, PIMBA!

O dente iria voar

Mas a idéia de sentir dor,

Fez a menina arrepiar!

__ Não, não!

Pensava ela

__ Além da dor

Ficar banguela?

Tetê tremia os joelhos,

a bochecha e os dentinhos.

Que ainda em sua boca

Estavam quase firmes e fortinhos!

“__E agora valentona, onde está sua coragem?”

Gritou , com terror...

___Vou fazer minha bagagem!

Pensou ela: __ Vou fugir para um lugar

Aonde ninguém vai me encontrar,

Ficar de boca fechada para o dentinho se acomodar

Sem passagem e sem atrito ele por certo irá colar.

A menina não fugiu

E o dente não caiu.

A mamãe acabou por descobrir

O segredo

deste primeiro grande

medo!

Tetê chorou, berrou, esperneou

Esgoelando em som incrível!

Dizendo ser aquele

o seu dia

mais horrível!

Depois, porém se rendeu.

E no dente a mãezinha mexeu.

Estava lá o danado molinho,

Preso apenas um pouquinho.

Seguro por um triz

Por uma linhazinha presa à raiz.

A porteirinha fica e sai o dente.

Para abrigar em seu lugar

Outro mordedor potente.

Descobriu então a menina,

que de leite era aquele dente

Nasceria, então o outro

de nome “permanente”

__ A banguela não é assim

tão medonha!

Riu-se Tetê ,sem graça,

Admitindo a vergonha!

Depois deste difícil episódio

Tetê pensou resolvida

Que ter medo ou coragem

São também coisas da vida!

Para cada ocasião

um sentimento teima em florescer.

E o que há de se fazer então?

Enfrentar e resolver.

Valéria Escobar, 2008

valeria Matos Escobar
Enviado por valeria Matos Escobar em 21/03/2011
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