A Menina Maluquete - Capítulo 5
Capítulo 5 Não desistir nunca!
-O Jardim Encantado está muito chato sem a Tia Malu. Por onde ela anda?, perguntou a menininha para o senhor Farol.
O velho Farol estava cochilando e acordou meio contrariado:
-Tia Malu anda muito ocupada. Ela está se preparando para viajar pelo Brasil com seu namorado americano.
-Namorado americano? Que história é essa? Que eu saiba tia Malu é viúva e mora com sua filha em um apartamento aqui em frente ao mar.
-É que tia Malu é uma mulher moderna e não está morta não! Ela tem um namorado americano que conheceu pela Internet.
-Internet? Mas isso não é perigoso?
-Viver é perigoso. Mas como ela já disse, viver pode ser uma deliciosa aventura, se você tiver coragem, curiosidade e principalmente, confiança.
-Explique melhor.
-Tudo pode ser perigoso, mas se você estiver sempre ligada ao Bem Maior, Deus, Universo, Luz Divina, Força Criadora, ou seja lá como se chama a energia inteligente que nos protege e conduz, então,você pode ter coragem, prudência e confiar que tudo de bom vai acontecer.
-E foi isso que a tia Malu fez?
-Sim. Quando ela conheceu o Jerry num programa de intercâmbio de linguagens na Internet, logo sentiu que ele era bom e que podia confiar.
-E então...
-Claro que ela foi conversando bastante com ele, antes de trocarem fotos, endereços, etc. Mas dava para perceber que ele era educado, respeitoso e de bom nível moral.
-E então...
-Então no ano passado ele veio para o Brasil e eles se conheceram pessoalmente. Esse é o teste mais difícil, porque enquanto o relacionamento é virtual é uma coisa, mas na vida real é outra coisa.
-E como foi?
-Foi ótimo! Eles se deram muito bem. Fizeram uma viagem maravilhosa pelo Nordeste brasileiro e pelo estado de São Paulo.
-A que lugares eles foram?
-Primeiro ele aterrissou aqui em Santos, no apartamento dela! Como um príncipe encantado! Ficaram uns dias em Santos, no Hotel Park Balneário, porque tia Malu gosta muito daquele local da cidade, era seu sonho ficar hospedada ali. Passearam bastante por Santos e depois, foram para São Paulo!
Tia Malu adora São Paulo, mas nunca tinha conhecido alguns locais, como por exemplo o Terraço Itália, que fica no alto de um edifício de trinta andares, no centro da cidade. Na noite em que foram lá, ela até chorou de emoção!
-Por que tanta emoção?
-É que São Paulo tem um significado simbólico para ela. Alguns anos atrás foi muito difícil ela sair de sua cidade natal e conseguir ficar morando em São Paulo, com muitas dificuldades a enfrentar, contra tudo e contra todos. Um dia conto essa história.
Mas quando ela se viu lá no alto do edifício Itália, foi como se estivesse concretizando sua vitória sobre todas as dificuldades por que passou ali e declarando seu amor pela grande cidade que sempre a acolheu.
-Que emocionante!
-Sim, e também ali ela teve a certeza que poderia vencer quaisquer outras dificuldades e realizar todos os sonhos e desejos mais caros à sua alma.
-Que legal! Eu também quero realizar os meus sonhos!
-Sim, é claro. E qual é um deles?
-Ah, já sei andar na minha bicicletinha de duas rodas! Agora quero aprender a nadar na piscina.
-É mesmo? Onde você viu uma piscina?
-No clube, perto da minha casa. Somos sócios, mas quase nunca os meus pais me levam lá! (e fez cara de choro).
-Por que não?
-Não sei... Meu pai nunca vai lá, nem minha mãe... Ele só vai ao bar conversar com seus amigos e minha mãe nunca sai de casa, só fica no quarto conversando com seus amigos invisíveis...
-Amigos invisíveis?
-Sim,ela conversa, briga, xinga, não sei se são amigos ou inimigos... Eu morro de medo...
-Entendo... Mas e o clube?
-Eu fui lá algumas vezes com uma coleguinha e vi a piscina! Fiquei maravilhada! Tão linda, com sua água azul e limpa, parecia o céu! E vi crianças nadando, pulando e brincando! Uma delícia!
-E você não podia nadar também?
-A piscina era cercada por uma muretinha e tinha uma mulher lá na entrada, tomando conta. Então eu pensei:
-A minha mãe tem que vir comigo aqui, senão ela não vai me deixar entrar. Fui para casa e comecei a falar com minha mãe:
-Vamos, mãe! Eu quero ir à piscina!
Ela mal me ouvia, distraída em seus pensamentos. Insisti, vesti uma roupinha que achei que dava para nadar, nem tinha maiô. Fui puxando ela pela mão, e fomos até ao clube.
Chegando lá, passamos pela portaria sem problemas e na piscina eu corri para entrar na água! Comecei a descer pela escadinha, não dava pé, mas eu queria muito nadar! Que delícia a água geladinha no meu corpo!
Mal me molhei na piscina, agarrada na escadinha e lá veio a zeladora, dona Ziza, eu nunca me esqueço do seu nome.
-Menina, você tem ficha e exame médico?
Eu balancei a cabeça e mostrei a minha mãe. Ela poderia resolver tudo!
Mas não resolveu nada. Dona Ziza falou para ela que eu não podia nadar e tive que sair da piscina e ir embora, cabisbaixa e envergonhada.
Desse dia em diante decidi que eu ia resolver minhas coisas sozinha, sem contar com nenhum adulto!
-Muito bem, só não pode desistir! Você vai aprender a nadar, disse o senhor Farol.
Os olhos da menininha brilharam:
-Sim, senhor Farol, eu vou aprender a nadar!
(Até amanhã, queridos amigos! Luz e Paz em seus corações.)