Ressaca de Fim de Ano (Um pouco atrasado...)
Ressaca das Festas de Fim de Ano
Agora você acha que acabou tudo, acabou o Natal, acabou o Reveillon. Você acha que só vai participar de festinhas de confraternização e “amigo-ocultos” (que falarei mais para frente) daqui a um ano. Você acha que está livre de cheiro de peru assado, maionese com batatas, farofa de uva passa, espumante e rabanadas.... Alegre-se por isso. Acabou. Você só vai ver essas coisas daqui um ano mesmo, provavelmente. Mas não fique tão alegre, pois outras coisas ainda continuam por um bom tempo, o que pode ser causa de grandes problemas de estafa ou gastrite.
Se você sair de férias no período de Festas de Fim de Ano, por exemplo, seu retorno ao trabalho pode ser um desastre. Porque você ainda vai ouvir perguntas do tipo “Como foi o Natal?”, desejos de um Feliz Ano Novo, mesmo após uns 20 dias de ocorridas as memoráveis datas. Você pode até ser a pessoa mais feliz do mundo por ter viajado ou estado fora enquanto aconteciam as confraternizações e “amigo-ocultos” e você infelizmente (coitado) não pôde participar. Você não precisou comer sobras de panetone que alguém trouxe em potinhos de plástico. Você poderá simplesmente deletar, sem ler, as centenas de mensagens de natal e ano novo que abarrotam sua caixa de e-mail. E se alguém (desocupado que pediu a confirmação de leitura) perguntar por que você não leu, você pode dizer que leu sim, mas o micro da lan house estava configurado para não confirmar, coisas assim. Afinal de contas, ninguém merece assistir apresentações em arquivos de power point com mensagens de Feliz Natal ou de um Ano Novo repleto de realizações... (náuseas...) Só de pensar em renas dançantes ou cantantes me dá arrepios na espinha. Papai Noel dançando é de dar nos nervos. E aqueles fogos de artifício explodindo na tela do computador? Sem tocar no assunto do fundo musical das apresentações, por favor...
A gente vê de tudo nessas épocas. Mas, para mim, o pior de tudo o que já vi e vejo até hoje é árvore de Natal enfeitada com os cartões recebidos. Acho que não existe nada pior, existe? Por que as pessoas, além de serem umas infelizes por receber cartão em papel têm que mostrar para todo mundo? É prova de popularidade ou o de antiguidade? Porque, hoje em dia, cartão de Natal, já que tem que mandar, que seja virtual. Eu tenho horror de cartão de Natal, em papel então, nem se fala. E aqueles que tocam musiquinha quando você abre? Pára tudo. Deixa eu respirar... ainda bem que agora só daqui a um ano. Se eu descobrir um país que não exista esse tipo de coisa eu darei um jeito de me mudar para lá amanhã mesmo.
Tem gente que come a ceia do Natal até o dia de Reis. A farofa já até mudou de cor mas está mais gostosa, afinal, o que mais se escuta é que o tempero fica melhor de um dia para o outro, e etc, etc, etc. Prepara a ceia no dia de finados, então. Ah, e por falar nisso, por favor, não repitam em todas as ocasiões possíveis e impossíveis que no dia seguinte, em que se comem as sobras da ceia, será o “enterro dos ossos”. Essa expressão chula dispensa comentários... (que enjôo...)
Voltando ao assunto do “amigo-oculto” do início, vamos às observações desse momento inventado por algum iluminado. Para começar, o nome da “brincadeira” (por sinal, de muito mal gosto) não deveria ser esse. Deveria ser, pelo menos, “inimigo oculto” ou, então, algo que rime com a segunda palavra. Você ter que comprar e receber um presente previamente escolhido e com valor pré-determinado é um absurdo! Aí não é presente. É pedir apenas que um infeliz vá ao shoping, por sinal lotado nessas épocas do ano, para comprar algo que você está querendo ou precisando. E o pior, provavelmente, você não vai ganhar o que queria/precisava ou vai ganhar algo breguíssimo em troca do que pediu. Por falar em brega, não me venham com essa história de (será que vou conseguir escrever, só de pensar me dói o estômago) “amigo-oculto de 1,99”. Por que as pessoas se prestam a uma coisa dessas? O ser humano se prestar a ir a uma loja (lotada também), se espremer, deixar cair mil coisas, procurar mais outras mil e sair com uma colher de madeira, ou um anjinho de cerâmica (“Cuidado! Se quebrar paga!” ai que dor...), uma jarra de plástico, um copo de alumínio, até uma caixa de bombons marca menos xis, é demais para mim. Acho que o preço do papel para embrulhar é maior do que o do presente. Entrega um rolo de papel de presente, ué! Se você pensa que a pior parte do “inimigo-oculto” é essa, enganou-se. Não é. O pior é o momento da entrega quando você é obrigado a ser referir ao “amigo” e todo mundo tentar “adivinhar” quem é. Que cena deprimente. Quanta hipocrisia! E aqueles “amigo- ocultos” de empresa? Você passa o ano todo sem querer ao menos dar bom dia para o chato que senta ao seu lado no trabalho mas no sorteio (eu diria “azareio” se me permitem), você tem a sorte dele ser seu amigo oculto (ou algo que rime). Se eu passar por perto, num momento desses, é dor de barriga e náuseas na certa. O coitado que tira o chefe é um infeliz mesmo. Esse tinha que morrer um dia antes da entrega do presente, era preferível. Ter que sair para comprar um presentinho de 1,99 para o chefe é provação demais. Eu sugiro também pedir demissão um dia antes. E aí, se o coitado resolve fazer bonito, e não compra de 1,99, compra de 19,99 fingindo que se enganou, se ferrou todo! Vai ser um tal de ser chamado de puxa saco até depois da aposentadoria! Eu não sei se isso seria pior do que sair da loja (abarrotada de gente e coisas) com um conjunto de toucas de plástico para banho (uma de cada cor, uma para cada dia da semana), um conjunto de xícara para cafezinho (só uma, para beber sozinho, afinal, chefe tem que tomar cafezinho sozinho mesminho), toalhinha para bordar em ponto de cruz, tapetinho para o telefone. Se for mulher é mais fácil. Tem batom verde que quando passado na boca fica rosa e nunca mais sai, tipo maquiagem definitiva. Tem também unha postiça e flores artificiais, que são quase uma réplica das verdadeiras (glup!). Tem até prendedor de cabelo que vem com uma mini peruca,tipo um aplique de cabelo castanho, louro, ruivo... (anti-ácido urgente!)
Outra coisa que me incomoda é a parte musical natalina. Eu gostaria de saber por que todas as músicas têm uma melodia melancólica. Era para ser diferente, afinal, não se comemora o nascimento de Jesus? Deveríamos ouvir apenas o entusiasmado e conhecido “Parabéns para você” e a melancolia deveria ser para a Páscoa. Ou ainda, Noite Feliz em ritmo de samba. Imagine você no meio daquelas lojas de departamento (com gente passando por cima das prateleiras) procurando promoções ou pontas de estoque para dar de presente para a sua sogra ao som de uma sambinha do tipo “Anoiteceu, o sino gemeu (ui!), a gente ficou, feliz a rezar. Papai Noeeeeeel, vê se você tem, a felicidade prá você me dar. Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noeeeeeeeel.”, com bateria de escola de samba. Veja isso, que letra é essa, meu Deus? Como uma pessoa poderia pensar que todo mundo fosse filho de Papai Noel, o garanhão? Velhinho, mas viril! Mas não vou comentar as letras das músicas não. Senão a gastrite vira úlcera... “