FALHA DE COMUNICAÇÃO




 
 
Certa vez fui tocar numa tenda em uma das praias da baixada santista.
Lá chegando, enquanto não era à hora da minha apresentação guardei o meu violão e os equipamentos num chalé que me fora improvisado e em seguida saí e fui me acomodar numa cadeira da barraquinha de venda de produtos alimentícios ao lado, na areia da praia.
Logo a seguir chegou uma jovem bonita que pediu licença, sentou-se ao meu lado e foi logo perguntando:
- É o senhor que vai tocar pra nós do que há pouco? Onde está o seu violino?
Também com educação eu a respondi:
- Sim. Eu fui contratado para tocar hoje aqui. Mas não tenho e nem toco violino.
A moça me olhou espantada e perguntou:
- Mas então o que o senhor toca? O senhor não é violonista?
Respondi:
- Não menina. Eu trouxe o meu violão e não violino. Quem toca violino é “violinista” e não violonista.
- Alias, para você entender melhor: Eu sou um “solista de violão”.
Como que inconformada a moça retrucou:
- O que é ser um solista de violão?
Mais uma vez tive que me recompor para não sorrir e respondi.
- Solista de violão é o músico que se especializa no solo do instrumento. Isto é, se apresenta sozinho fazendo o solo e o acompanhamento simultaneamente.
A insistência da moça chegava a ser irritante, pois voltou a perguntar:
- Solar é assim igual solar sapatos? O solo que o senhor fala é assim igual ao que nós pisamos?
Então expliquei calmamente:
- Solar no violão é o mesmo que executar uma peça musical só, sem qualquer acompanhamento.
A moça, indignada com a minha explicação emendou:
- Que chato. O senhor vai assassinar alguém ou a música? O povo paga o senhor para executar as pessoas?
Moral da história. Para cada ouvinte se faz necessário usar linguagem compatível com o local e com as pessoas. Tentar ensinar “PAI NOSSO” ao vigário não é uma boa opção. E explicar com linguagem exata às pessoas sem escolaridade e ignorantes, ás vezes não dá certo.
O meu professor primário comentava que entre os sapos devemos coaxar. KKKKK.