O Descobrimento do Brasil
Cabral chega ao Brasil, chama Caminha e diz:
-Ó Caminha, meu gajo, caminha e escreva uma carta e encaminha para Dom Manoel, contando as tranqueiras desta terra sem porteiras. Avisa-o que nós iremos levar pau…
-Opa! Nós quem ó cara pálida? Levas tu sozinho, eu fora estou de tal luxuriosa empreitada; disse-lhe o escriba oficial.
- N-o- ~ -i-s= Nõis, ó índio; respondeu Cabral
- Eu não sou índio; bradou o escrevente.
- És sim. És um indiota. Iremos levar pau Brasil. Avisa também que Caramuru está mais a perigo que aquele que irá do Piauí casar-se em Sergipe, pois foi daqui pra Fortaleza casar-se com uma nativa. Dizem por cá que a dita aborígene de tão gostosa até os beiços são de mel.
- Nananinanhã! Não irei contar uma mentira dessas para El Rei de jeito e maneira. Não quero que ele mande-me capar pelo crime de engana majestade.
- Qual a mentira? Seu energúmeno, bucéfalo, mentecápto, filho de uma cancela batedeira! Estás querendo que eu te taque um tabefe neste teu escutador de fados?
- Como pode, respondeu o interrogado, uma silvícola que não escova os dentes, não usa anticéptico bucal, não gargareja creolina ter beiços de mel? Conta a do papagaio que é muito melhor!
- Chega! Para mim chega. Bota essa missiva nos Correios, em caráter de urgência mais que urgentíssima. El Rei não pode esperar.
- Pedralves Cabral, chaga mais perto. Aqui nesses calcanhares do Judas não tem Correios, telex, sedex, fac-símile, pombo carteiro, código Morse, moleque de recado e os indígenas não conhecem a tecnologia dos sinais de fumaça. Vai-te pra baixa da égua que eu não sei fazer milagres.
- Então leva tu mesmo, ó gajo, mas não me torras mais os miolos.
E assim se foi Caminha caminhando pegar a traquitana e por infernos de Dante nunca navegados, dar a volta em Taprobana...
Ps: Coisa de português: ele escreve a carta, ele mesmo leva ao destino, se faz de arauto diante do Rei. Se duvidar ainda escreve a resposta para si mesmo, que será lida ao retornar. Apois pois!