Poesias, Pedras e Enxadas
O sociólogo/filosófo por formação acadêmica, que também mandava bem como Pastor Evangélico e Político na cidadela Cidade das Flores, cruzou com o apressado Matuto e entre idas e vindas no proseado, declarou: "fiel, meu nobre fiel, Clarice Lispector disse que escrever é lançar pedras no fundo do poço". Eu digo que escrever e guiar um povo, é retirá-las do fundo do poço."
E o compadre, ilustre e essencial lavrador, o que tens a me dizer sobre o trabalho?
- ora, eu cunheço o sinhô como guia de rebanho de oveias cegas e não como decramadô, poeteiro. Num interessa, o que é, e o dexa de sê. Eu num preparei pra isso, num tenho tempo pra essas coisas, mais oia, respondeno a vossa pregunta, seja o que fo e como fo, eu e otros tantos existimo na Terra, pra cavuca o solo, aduba, semeia a semente, irriga com a bença da chuva que Deus Pai manda du céu, coiê o que dé, transportá no lombo de animais, botá nas pratelera dos mercado, dispois vendê pro povo da cidade,
prá no fim, eles lotá o prato, cumê, cumê, cumê, gosto e prazê. Resumino: nóis existe pra enchê barriga de político, Pastor e otros tanto, vagabundo. Preguiçoso que num levanta um fiapu de algodão do chão! Discurpe a franqueza, excelença, mais a enxada, é a minha pena. E enfio ela no fundo da Terra; e iscrevo pro mundo porvá, ou mió, prus Florense lê. Esperu que eu tenha sido craro!".
E abriu o compasso das pernas. O Estava atrasado para a destoca. O tempo prenunciava chuva; e a chuva para ele, representava o sagrado. E ao apreciar os primeiros pingos da renovação e abundância, tomado pelo êxtase, fincava os joelhos na terra e orava com as vistas fitadas no céu: "Obrigado Deus. Num sô, como o povu num é, merecedô. Mais, amém; e que ela venha sobre minha prantação, serena, mansa e constante. Amém, di novo, meu Pai supemo!"