Primeiros Passos
Meu filho Lindolfinho, nem saiu do cueiro e já discute as coisas feito gente grande. Ontem, depois do jantar, sentamos na varanda e pusemos a contemplar o meio anel brilhante que circulava pelo céu.
Como poesia e filosofia tendem à seriedade e resolução dos problemas familiares, aproveitamos para lavar a roupa suja.
Sentado ao meu lado, de terninho e gravata, pergunto para Lindolfinho: "filhinho, amado de papai, o que você quer ser quando crescer"
Ele pensou, pensou e respondeu: "quero ser como o Neymar".
- Neymar? Dar calote em médico, ser chamado de monstro por treinador de futebol; endinheirado arrogante; enganar a massa rolando no gramado. Neymar; fala sério filho!
- Não papai, nada disto me interessa; mas quero ser igual ele.
- então diga, eu e mamãe queremos saber.
- um tremendo comedor, papai! Tá pior que o Papa e papa, bate bolas em todas. Enquanto ficam de mimimi de feminismo e gênero, ele manda bala.
Sem nos contermos, todos nós demos risadas com a autenticidade dele; ao que eu disse: "espertinho esse menino, não Clorinda? Filho de Lindolfo, Lindolfinho é".
Com um baita galo empoleirado, cantando alto no cocuruto em minha cabeça e acompanhado de uma lua cheia que estremecia o mundo, dormi ali mesmo, exposto ao sereno. Na madrugada, a temperatura atingiu 5 graus centígrados.
Refletindo o mundo livremente tal qual a lua, noto que a falta de humor assassina corações, acidifica rins, fígado e pâncreas e mata a humanidade. Ainda bem que faço filho anualmente para alegrar-me. Seguindo o lema de meus bisavôs: Deus dá, os governos alimentam, pretendo ter mais uns 10, para completar 2 times de futebol.