O Gordo e o Magro Brasileiros

Começo de dezembro passado. Dois amigos, daqueles que sentam à mesa para jogar conversa fora, bebericar um chopp no balcão de botecos, juntam-se para churrasquear, dão filhos um para o outro batizar estavam fora de forma e para amenizar a sedentária vidinha de comer, dormir, balançar na espreguiçadeira, novelar os dedos, defecar, receber ao final de mês a aposentadoria, cuidar de netos, alimentar animais domésticos e a falta de estímulo e motivação individual para tal, fizeram uma aposta.

Contrário um do outro, enquanto um falava muito, o outro pouco dizia; porém disse que perderia 15 quilos em um mês. O "Vareta" por sua vez, apelido carinhoso dado ao magro, ganharia os mesmos 15 quilos em igual tempo. Assim fizeram.

Fim de ano aproximando-se. O gordo emagrecera 14 quilos e 705 g. E pelo mover do supersônico, atingiria com sobras a meta e provavelmente, ganharia a aposta. O magro, magro estava com a pele emoldurando a carcaça. Tão ruim, que nem apostando, correndo o risco de mexer no bolso dele, fazia-o engordar.

Dia 31, reuniram para a celebração. O gordo, magro e o magro, gordo. Estupefatos com tamanha proeza, espantados com o que viam, todos queriam saber do milagre ocorrido em 24h. Ao que o magro explicou a andança feita em cima da hora. Resumiu: "estive nos mesmos lugares que o meu amigo ex-gordo esteve em um mês; e o que ele perdeu eu ganhei; ou melhor achei".

Após ouvir e surpreso com a façanha, o gordo disse: "Ué, e não morreu com a maratona. - cofiou os cabelos brancos que caíam-lhe no peito, deu 3 tapinhas na barriga, tirou uma lasca na capa da leitoa assada e prosseguiu o discurso: "Como sabeis compadre, sou matemático e no noves fora encontrei a solução; pois para perder os 15 quilos, somei, multipliquei, dividi e subtrai os números passados na última reunião, sobrando o que caminhei, ou seja, apenas uns milímetros não medidos. O resto, fechei a boca. Como farei de agora em diante".

Terminada a passagem de ano, todos felizes pelo pandú abarrotado, dobrando de tanta comida e necessitando de um carrinho de mão para apoiá-la, o magro, ex-gordo saiu à caça para ver se encontrava a vergonha perdida pelo magro, agora gordo, nos mais de 300 km caminhados; pois ambos são de nacionalidade brasileira.

Ansiosos e olhos atentos às estradas, parentes e amigos estão esperando para saber a decisão do ex-gordo, agora magro. Imaginam que se encontrar, ou achá-la, não irá devolver para o amigo. Pelo menos que devolva a mentira, que facilmente será encontrada.

Aguardemos! Arriba, arriba muchachos!

Série pequeno texto que conta as histórias de um povo bem humorado, alegre, amistoso, cervejeiro, perdulário, churrasqueiro, futebolista, consumista, carnavalesco, praieiro.

Trabalho? Sim, é povo trabalhador, mas só amanhã. Aliás, já está no mercado uma camiseta estampando o Mutagambi em estado folgazão deitado na rede amarrada entre dois coqueiros. Embaixo, escrito em letras garrafais e bem à vista, a inscrição: "Trabalho? Sim, sou de trabalhar, mas só amanhã".

Trabalho? Sim, trabalho; mas está escrito no meu diário que trabalho dá trabalho, por isto, trabalho só amanhã.

Na parte detrás da camiseta, aparece a figura Lula na detenção exclamando e abaixo em mesmo estilo de texto, a inscrição: "Sou brasileiro e não desisto nunca".

Velho Muta, um mundo novo despudorado em mutação.

Esperar o quê de um povo que idolatra ex-presidente detento?

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 02/02/2019
Reeditado em 04/02/2019
Código do texto: T6565287
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