Só ria; o Gambiarreiro te Ama, Jesus também
Dia desses deu uns 5s em mim e resolvi dar uma de cego. Meti um chapéu torto na cabeça, coloquei os óculos escuros, pendurei em cima da bengala e abrindo e fechando os olhos e batendo a bengala no canto da parede do alinhamento predial, cheguei à praça.
Acocorei num canto, abri o sombreiro e lancei o chapéu roto. Passa um, nada. Dois, nada. E nada, nada, nada. Quando estava findando o dia, uma boa alma colocou umas moedas, que tilintaram no chapéu. Juntei-as na mão e imediatamente, lancei a outra mão por baixo da mão que estava com as moedas. Quase arriou as duas. Nisto abri os olhos, só moedas de 1 centavo. Devia ter umas 49 moedas. Fiz um bico com os beiços e levantei-me para mudar de ponto, onde estava, concorrência acirrada.
Caminhando, depositei as moedas na mão de um cego, cego. Ouvi dele: "Dai de graça, o que de graça, recebeis". Em seguida, silêncio; depois ouvi do mesmo pedinte: Quem dá ao cego, empresta a Deus; portanto, que tenhas em dobro o que me destes". Finalizou: "o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus, é nada. Resmunguei baixinho: "não acredito que esse diabo de cego também enxerga. Sou tão trabalhador e será que pelo meu esforço, mereço só isso nosso Deus".
Nesses dias sempre fazem amigo secreto. Em casa, resolvi inovar e fiz o inimigo declarado. Isso mesmo; chamei a família, os vizinhos de bairro, as baratas, pulgas, cães sarnentos, carapatos, sapos, ratos, mariposas e pernilongos e fizemos a tal inovação secreta
Feita a brincadeira e passados uns meses, encontrei a pessoa que foi o meu inimigo no boteco da esquina, encostado no balcão e tomando uma. Perguntei: e o presente, gostou?
- ainda não abri. Mas a caixa é bonita; melhor quando abri-la. Belo e magnífico laço! Em se tratando de presente, obra de arte, jamais vista pelos meus olhos.
Achei estranho demorar tanto tempo para abrir uma simples e humilde caixa de presente. Por outro lado, como o conheço em pormenores, esse meu inimigo tem medo até da sombra; imagine de chumbinho de rato. Arisco ele, não? Porém, pelo que notei em seu linguajar, comeu o queijo. Inimigo safado, sô! Sou pobre, confesso, mas detesto pobre elitista e chato que não tem 7 palmos de terra para cair morto, escolhendo comida. Exigindo iguarias nobres. Afff! Não sei, mas esse meu amigo deve ser petista.