Nas terras de Lampião
Dia desses fiz uma via crucis pelas terras do velho Lampa. Sol escaldante, seca, carne seca, Transposição do Velho Chico, caatinga, gente boa e histórias e mais histórias.
Em uma das tardes esbarrei no boteco Barbicha de Bode. Vestido à caráter, gibão e chapéu de couro, fui atendido pelo típico nordestino de fala arrastada.
Cheguei e encostei no balcão. Pedi uma tralagada de cachaça, chamei quase tudo no peito e o resto joguei no pé do balcão para o benzimento do santo.
Puxei prosa com o bodegueiro e ficamos no lenga-lenga, no leva e traz da ladroagem dos políticos, da facada dada no Bolsonaro, nas mentiras e intrigas na vida do povo; quando tomei coragem e perguntei ao amigo se havia alguma coisa como tira-gosto, alguma coisa salgada para beliscar, pois as lombrigas também são seres vivos.
Ao que o danado emendou: "sim, companheiro que vem de longe. Tira-gosto não, mas para beliscar tenho algumas coisinhas na estufa pedindo para serem comidas: alicate, turquesa, arame farpado, tesoura, grifo...; aguarde que vou pegar. - e foi entrando no compartimento ao lado.
- o conterrâneo, pau pra toda obra, cabra macho do sertão, o dinheiro está em cima do balcão. Pego o troco amanhã.
Falei caminhando e pernas para quê te quero.