Os Leiteiros
Para quem não conhece Teresina, é uma cidade banhada por dois rios: O Paranaíba que serve de fronteira com a cidade maranhense de Timon e o Poty que corta a cidade ao meio no comprimento.
Houve um tempo em que não tínhamos os sacos plásticos de leite pasteurizados, que também já não existem mais, pelo menos em Aracaju. O leite era vendido de porta em porta “in natura”, do jeitinho que saia do peito da vaca. Transportados em latões de metal. Normalmente as vacarias ficavam nos bairros afastados e o grande problema era a desconfiança nos leiteiros, não raros, acusados de adicionar água ao leite para aumentar seus lucros. As anedotas eram as mais variadas. Dizia-se que vacaria “A” vendia água com leite. Que no leite da vacaria “B” já se encontrara piabas e até tucunarés...
Conta-se que certa vez, dois leiteiros cruzavam a Ponte Juscelino Kubitscheck, que liga a Zona Leste ao centro, sobre o Rio Poty, ao lombo de suas bicicletas, quando um desses observando o rio transbordando devido o rigoroso inverno, comentou com o parceiro:
- Você já pensou compadre, se tudo isso ai fosse leite pra nós vender? Nós iriamos ficar rico, “nera” não?
O outro tomado de surpresa com tamanho disparate, retrucou:
- Ocê tá louco compadre? Onde nois ia arranjar tanta água pra botar nesse leite?
São coisas de minha terra.
PS.: não percam na sequência neste mesmo horário e
batcanal: FILOSOFIA DE BOTEQUIM.