A Saga das Marias - Maria Pão de Açúcar (I)
Esta Maria de doce não tem nada, só o nome mesmo. Devo confessar que quando a conheci, sentamos juntas em um desses butecos espalhados pela orla marítima e ali ficamos a desfiar nossa meada procurando pelo fio da mesma.
Ela pediu um chopp claro.
Eu, uma água de côco.
Tecemos então colcha de retalhos, porém faltou-me alinhavo suficiente para que a peça ficasse de bom tamanho e apresentável. Foi aí que olhei de lado e vi que tinha perdido minha caixa de costura e precisei desculpar-me por tamanha falta de senso.
Ela olhou-me de soslaio.
Eu a encarei!
Depois desse enlace entre/olhos, me vesti de colombina e fui ao Morro de São Cristóvão compor um samba com Dom Curió.
A moça desmanchou-se em açúcares.
Eu, sambei a noite inteira.
Noutro dia eu soube que ela tinha usado a roca de fiar, justamente pra ver se conseguia a colcha terminar. Contudo, a pobre colcha tinha ficado órfã de açúcar e côco...
Depois dessa decepção, Maria Pão de Açúcar sumiu de circulação, mostrando sua doçura indômita de quando em vez e somente a quem ela escolhesse... Esperta, a moça!
Eu faria o mesmo se alguém me deixasse plantada, criando raízes expostas à pegadas desumanas.
Maria aboletou-se em casa de campo.
Eu, soltei as feras.
Passado alguns anos Maria Açucarada semeou olhares perpendiculares em seus campos de estrelas, colhendo sorrisos e abraços que ela enrolava dentro de um envelope bordado por Iemanjá. Depois fazia dele um aviãozinho de papel e pedia permissão à torre para levantar voo, indo talvez coser universos internos.
Maria Pão de Açúcar, virou pó de estrelas
Eu, comprei um pilão e fui amassar poesia