Coisas que só acontecem comigo - XII (batom na camisa)

Batom na camisa

Coisas que só acontecem comigo – XII

Nove de junho de 1986 foi uma segunda-feira, um dia inesquecível pra mim. Foi o início da semana de meu segundo casamento, que seria realizado aqui em Aracaju, no sábado seguinte.

Eu morava em Teresina e estava fazendo as malas, quando de repente, não encontrei o lírio branco que seria usado na lapela do paletó, costume da época. Por mais que eu procurasse, não o encontrei.

Eu sabia que o tinha guardado bem, de forma que não tivesse como não o encontrar quando estivesse me vestindo. E agora eu me dava conta de que, de tão bem guardado, eu tinha, de fato, escondido o bendito lírio. Assim, não tive outra saída que não fosse retornar ao centro e comprar outro nas Lojas Brasileiras (LOBRAS).

No retorno, entrei num ônibus lotado de estudantes. Eu usava uma camisa polo, branca, marinheiro, quando “de repente, não mais que de repente”, o motorista mete o pé no freio. Eu estava encostado num dos postes internos do veículo, de costas para o destino e nada sofri, mas uma moça que estava em pé em minha frente só não levou um baita tombo, porque eu a amparei. De presente, ganhei a boca dela desenhada em minha camisa, de tal jeito que, nem que ela fizesse de propósito, ficaria tão perfeito. Batom encarnado, daqueles que não saem mais nunca!

Os passageiros do ônibus riam pra se acabar, especialmente as mulheres, sabendo da minha inocência e das dificuldades intransponíveis que eu teria, para me justificar em casa. Só então foi que descobri o motivo de todas aquelas risadas.

Quando cheguei à porta de casa, encontrei minha mãe sargentona, que já foi disparando:

- Bonito, muito bonito isso! Meu irmão não tem filhas, então, de qual “prima” o senhor foi se despedir?

Até hoje sinto calafrio....

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Filosofia de botequim:

Em um circo de feras, quem não quiser virar comida, que seja domador.