Caldinho de sururu Coisas que só acontecem comigo - XI
Caldinho de sururu
Coisas que só acontecem comigo - XI
Aqui no litoral nordestino, existe um molusco com alguma semelhança com a ostra, conhecido como sururu. Já na Região Norte, ele se chama mexilhão. Qualquer que seja o seu nome, ele é muito apreciado como moqueca, ou caldinho, especialmente nos restaurantes das praias.
Esse molusco, ao ser retirado da concha, se apresenta muito pequeno, mas surpresa causa a quem o vê no prato, depois de pronto, pois seu tamanho, praticamente, triplica. Qual o mistério que nisso se encerra?
Não se sabe quem, quando e onde, nem ainda por quais mistérios de exótica fermentação, descobriu-se que, fazendo xixi sobre o sururu, este triplicaria de tamanho e peso. Mas não seria um xixi qualquer.
Assim como a ex-presidenta disse que a “mosquita” do aedes “egipcy” é quem causa a “microencefalia”, é certo que a fêmea do anofelino é a transmissora do plasmodium protozoário, causador da malária.
Foi fácil descobrir que o xixi feminino faria aquela mutação. Agora imaginem a cena: uma mulher de cócoras sobre uma bacia, fazendo xixi sobre os sururus que você irá comer amanhã. Lindo, não?
Quando eu trabalhava na cidade de Riachuelo, em Sergipe, almoçava com os colegas no único restaurante da cidade. Um dia, ao sairmos do café da manhã, vimos uma senhora entregando sururus à cozinheira do restaurante.
Por coincidência ou azar, a vendedora também vendia outras coisas, como sexo, por exemplo. Só que este detalhe nós logo esquecemos, pois não nos era relevante. Só nos lembramos disso ao meio dia, quando já estávamos terminando o almoço.
Engordei três quilos rapidinho, coisa que não me acontecia há trinta anos. Hoje só peço caldo de sururu, se não tiver outra opção e, assim mesmo, cheiro o caldo antes, com a mesma perspicácia com que o sommelier cheira uma taça de vinho, antes de bebê-la...