Coisas Que Só Acontecem Comigo - X

Por esse tempo, nem se sonhava com a possibilidade de um dia termos água encanada. Por sorte que num distância talvez de cem metros, existia uma cacimba de excelente água e uma vereda que fazia a ligação com nossa casa. No meio da distância entre uma e outra, um enorme pé de pequi (pequizeiro) que nos dava fruto e sombra. Era um dos meus pontos preferidos para brincar com outros garotos de minha idade.

Acho que todo menino (menina também) que mora ou já morou no interior, já fez mais de uma fez a experiência de defecar atrepado. Pois bem, eu estava sobre um galho que fazia um gancho em V, que por coincidência, mesmo sem fazer mira, iria cair sobre a vereda. O que eu não sabia era que minha mãe tinha ido pegar água na cacimba... Você está rindo do quê?

Minha mãe pisava macio e em terreno natural mais ainda. Quando a vi se aproximando, já não dava mais para arremeter ou abortar a operação, menos ainda para mudar de galho a situação era-me extremamente constrangedora e delicada. Quando ela passou, nem deu três passos o produto bateu no chão com toda força atrás dela: PLOK... o pior de tudo era que não estávamos em época de frutos. Ela virou-se lentamente e a minha sorte foi que ela não tinha forças para retirar a lata da cabeça e nem poderia olhar pra cima do pequizeiro. Saiu praguejando feito uma fera!

Quando ela prosseguiu viagem, desci feito um corisco, na verdade nem desci, atirei-me lá de cima e corri por um atalho mais veloz que o vento chegando em casa primeiro que ela, que também ao chegar já foi gritando meu nome.

- Tô aqui no terreiro mamãe!

- Corre lá no pé de pequi e descobre que está lá em cima, rápido!

Estou devendo essa a meu Anjo da Guarda.