* Briga de casais Coisas Que só acontecem comigo - VI

Briga de casai

Coisas que só acontecem comigo – VI

Quando eu trabalhava em Alagoinhas-BA, resolvi ir, num fim de semana, conhecer Araçás, a 29 km dali. Posicionei-me no entroncamento das estradas BR-101 e BA-504 que seria meu destino, à espera de um transporte.

De súbito, entra uma camioneta Hilux prata, novinha, e para ao meu lado. No banco do carona, olhando pra mim, uma mulher de rosto muito bonito e o motorista, um senhor de uns cinquenta anos, que me perguntou onde teria um lugar bom para tomar umas cervejas e comer uma boa carne. Eu não sabia de certeza, mas por informação, perto de Araçás havia, sim, um lugar muito calmo e gostoso para o que ele queria e dei-lhe a informação. Em seguida, perguntou-me para aonde eu ia e ofereceu-me uma carona, após minha resposta.

Muitas pessoas, levadas por não sei quais espíritos cabotinos, não se cansam de contar vantagens. Não sossegam, enquanto não contam suas habilidades, como se o mundo fosse acabar e essas pessoas ficassem no anonimato, causando um enorme prejuízo ao universo e uma injustiça ao palrador.

Foi assim que, no trajeto, fiquei sabendo que ele havia saído de casa no dia anterior, que morava em Salvador (117 km de distância), que andava dando uns bordejos... (então aquela mulher só poderia ser a puta da vez e ele, o otário de sempre!)

Logo, encontramos o restaurante. Era um local inconfundível, prazeroso, com uma mangueira enorme na frente e recuado da pista. Como era de se esperar, havia uns cinco casais e uma música baixa de bom gosto.

Só que o diabo não dá ponto sem nó... Quando o carro parou, ambos desceram contentes, trocando beijos, fazendo alongamento devido à viagem e eu desci por último, e antes de agradecer a carona, já ouvi o barulho.

Sabem quem estava lá também dando uns bordejos? Inimaginavelmente, contrariando o mais absurdo desmando do zodíaco, no mais irracional traçado geográfico, no mais inexequível encontro, cara a cara, a mulher de um com o marido da outra.

Não foi difícil entender. Os casais estavam trocados. Os quatro eram “mui amigos”. Foi logo um tal de saca revólver daqui, puxa peixeira de lá, arranca rabo, puxa cabelos, mesas viradas e exclamações do tipo ”Porque tu não és mais puta do que eu!”...

E eu ali, no meio desse tornado, querendo entender quem era mais dissimulado. Para minha surpresa, as mulheres eram as mais indignadas. Não aceitavam ser traídas pela melhor amiga. Os maridos rosnavam, desejando que a "turma do deixa disso" aparecesse.

Eu, que nada tinha com aquele baião de quatro, disse:

- Vocês querem saber de uma coisa? Muito prazer, meu nome é fuuuuuuuui... e evaporei!

O destino me mete em cada uma!

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Filosofia de botequim:

Quem não é escravo do tempo, não poderá ser senhor dos compromissos.