Retirados e RETIRANTES

Eu sou moler, embora de nacionalidade brasileira, do sexo femenino. Como cer moler de sexo femenino, se feminino é palavra masculina? A palavra é masculina, mas eu sou feminina. Masculina ou masculino? Que confusão dos diaxos! Indiferente ao femenino ou feminino, masculina ou masculino, eu acredito e tenho fé é nas crianças, omis e moleres dece só bem e mal desce deste meu torrão de terra, acramado Brasil-Brasileiro!

Quando criança tinha um sonho para cuando crecesse (não pense bobage); queria ser dotora e faser direito, para não fazer as coisas erradas de criança, pois sou canhota e não destra. Quem é destra, tem fácil idade e adestra. Ensinar o mundo intero, que nóis somos um todo e fasemos parte do bolo. O bolo de notas paga nas poprinas pelos donos de carros inaptos com fumaça preta que aça batata e sai nos escapamentos, que circula e correm pela cidade sem pracas e furando os faró, longe dos zoios dos pais e faraós.

Como em todo sonho que se sonha só de noite, há plumas e penas que se sonha só durante o dia, mas sonho que se sonha na madrugada é realidade; acabei de acordar da viagem onírica, por conta disto estou fora do ar e me pré-parando para o vestibular de meio de ano. Provavelmente, não fique estacionária neste pedaço de caatinga. Moro na região perto do cerrado e tenho andado pelos arredores e notado que o serrado está bem cerrado; podendo enchergar bem de perto o horizonte ao longe sem fazer muito esforço e piscado; dos olhos, é craro e sem lágrimas!

A minha ideia é me mandar e para o sudeste mudar, região onde há as miores faculdades dos direitos. Porque chega de deveres, sol, fome, seca, coronealismo, abrir as pernas por obrigação, fazer comida, lavar roupas e cuidar de crianças; assim deicharei minha terra, o meu torrão e partirei para realizar o meu sonho de criança e conhecer este Brazil de meu Deus, dos Diabos, do cabresto, da dita dura imposição da cracia do demo, fronteras escancaradas e porteras fechadas. Lá, no sudeste, pretendo conhecer novos povos e retomar o que estudei sobre a idade da pedra, tô lascada e da poiva que queima tudo rastiada.

Honestamente, estou em poivorosa com o barril de poiva poivada que me espera. Dizem que lá tem morro dominado pelo tráfego e comunidades com risco eminente de acender o incenso, provocando incêndios iminentes. Fora o medo que dá, como mentam tão bem, que o espetáculo é bonito de se ver e oia; se não morrer antes, é craro!

As canastras estão prontas. Ninharia de dinheiro minguado, levo muito; mais ainda é a vontade de vencer na vida, antes que a fome, a seca e a morte nos separe, eu de mim mesma. Se eu conseguir chegar lá; que sorte! Assim que chegar, quero mostrar para todos as peçoas que eu conhecer as coisas que estou levando. O meu vestido rodado à baiana e frorido nas pontas; a anágua que pedi emprestado; as joias que não são raras, pois em qualquer camelô compradores vestidos podem se encontrá; todos os meus livros ensebados e bolorentos que ajudarão-me a conseguir o meu intento, que antes de meu pai morrer, jogando truco dizia: “bagueie o tento, porque foi ganho pelo Bento”. Meu pai foi Papa-papão – comia toda a produção de rapadura - no século XVI antes da EC, era comum, por isto: papai-Papa Bento que não era santo, de cada dez bobos, o seis era um.

Deicho para traz somente as minhas pegadas e o meu coração partido, com a metade pro meu marido e a outra para o amante do entes queridos. Vou com coragem, braços, pernas, queixo hirsuto, ombros, costas, costelas, olhos, cabelos, testa, oreias, joelhos, pescoço com osso, os meus rins meio ruins, hígado em espanhol que é o mesmo que fígado em português, intestino grosso e fino, uma vesícula cheia de há sido no passado o que eu não sei; uma vagina dilatada, submissa e se não sangra mensalmente, é porque o bicho pegou; e completando o meu corpo sobre os pés: a cara. Ah, o saquinho do apêndice: este já foi retirado e incinerado, estava suporado, totalmente sujo fedorento. Arrgh, que nojo, credo!!

Deu para perceber que sou uma moler de fibra e não dezisto nunca. Por isto descidi tomar esse rumo na minha vida: sudeste logo-logo por aí vôo eu.

Seu leitor se você fosse fesô e esta foce a redação do vestibular, cual seria a nota que mereço por este testo, cem com texto; porque na primeira testada, quebrei a cara, a tela e estou com uma prostituta dor na testa e a elevação de um galo na crista da onda do computador? Não diga que é zero; se for, vou recorrer a corda de meu pai, que é português e está adormecido e antes de ser papado pelo papo mole do Papa, papada papão-papava pavão, tinha padaria, vendia pão vencido, que chamavam de pão dardanhã: pão de hoje, torrada de amanhã.

Dez!? Não Acre e Dito! Fico imensamente grata pela nota, eu e minha cia não merecia. Em sinal da grande pá de o cimento, azeite esse pedacinho de rapadura que trousse como lembrancinha para o sinhô, fesô! É o que sobrou dos tempos de meu papai-papa-papão. Tenho que vir aqui, ou entregam em caza o diproma? Não fessô, vou fazer EAD! Estou indo para o Sudeste para ficar mais próximo do polo; de Queicha dá, sertão do Ceará, até lá, é uma tirada boa de perna. Quero ficar perto do polo, pois longe do ensino, conhecimento e do saber, eu já estou, a muito tempo! Quanto mais teorizam, menos se constrói, ou ainda: os Téo ricos explicam e os experientes resolvem. Com isto, o diproma que almejo é o fim da linha da locomotiva da Educação que nos vagões se ensina a errá!

PS.: o tema de redação difici do cabrunco! Gastei uma viage intera de cuatro noites e quatro dias escrivinhando esse troço. Pensa é de lascá o cano e cuca. Retirados e retirantes sofre inté na inscrita.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 11/08/2015
Reeditado em 11/08/2015
Código do texto: T5342104
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