(Eu)Genya

Genya Hembra tinha se separado do Nicaraguense Andro Camacho por algumas semanas. Como gato e cachorro antigos (porque hoje até eles se dão bem) sempre separam-se e logo, dias após, reatam. Loucamente, se amam.

Ela viera para a casa dos pais aqui no Brasil. Estava bem, extraordinariamente, estupendamente bem humorada; até foi que incomodada do seu bem estar de água de coco e paquera à beira da piscina, com uma mensagem em seu celular:

- vou doar suas roupas. Na realidade algumas peças foram doadas para mim. Caíram bem, exceto uma camiseta que estupidamente decotada, está dejando en la mostra mis pechos peludos y blancos; o que está chamado atenção da muierada e homaiada. Com a calcinha? Só fui visto por alguns; claro, né? Somos, mas não vivemos mais como índios. Ô povo viu!...bisbilhota a vida alheia como se estuviera comiendo un plato de Frejol con arroz. Entoncis, todo bien? Mande mensagem, ou caso não tenha créditos, ligue a cobrar. Siento su falta! Soy loco por ti mi amor! Besos apasionados!

A esposa ficou estarrecida e preocupada, o que não é para menos, pois estão casados a mais de 10 anos e coisa igual jamais acontecera entre o casal. Após um franzir de testa, deu de ombros e soliloquiou: “sempre tem a primeira vez; deve ser igual chifre, quem pôs uma vez porá sempre, portanto, não é a primeira e nem será a última. Ah, foda-se; quero mais é viver"!

Com o seu gato siamês Michilin ronronando o sobe e desce em suas pernas depiladas e sedosamente lisas, os óculos escuros arredondados cobrindo-lhe o cinismo, continuou tomando a água e sendo apreciada pelos presentes à festa.

Solteira, livre e desempedida estes eram os adjetivos que a qualificava naquela tarde ensolarada. Inominável obscenidade a esperava noite adentro. Genya estando no Brasil não perde uma balada regada a regalados presentes finos, uisques importados e deleitosamente galada.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 19/07/2015
Reeditado em 20/07/2015
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