FUTEBOL no país do CRICKET

Cercado de expectativas, as equipes do NEC – Nacionalistas Esporte Clube – e do MAC – Maracutaia Atlético Clube -, time cujo escudo é beijado pelos jogadores à cada chute para o gol, à cada toque na bola, à cada defesa do goleiro, à cada bola tirada da área pelos zagueiros, à cada tentativa de ataque, à cada gol de penalty anulado pelo juiz, e à cada transação de jogadores para o exterior, farão a decisão do campeonato.

Os dois times fizeram as melhores campanhas durante o campeonato, por isto, a previsão é de uma grande final, com ligeiro favoritismo para a equipe do Maracutaia – para se dar bem tecem qualquer espécie de balaio - embora que enfrentar os Nacionalistas não será jornada nada fácil. O técnico do MAC falou à imprensa local sobre a partida:

- Não existe essa de favoritismo, o que existe é esperteza mesmo. Futebol se ganha dentro das quatro linhas, no Tapetão e no decorrer dos 90 minutos, quando o juiz apita o final da partida e mostra o centro do gramado. Temos treinado forte, com a finalidade de podermos fazer um jogo do tamanho do Maracanã e se Deus permitir e o Diabo não atrapalhar, sair de campo com a vitória, com o caneco nas mãos e os dólares na cueca.

Finalizado os preparativos da semana, Gentil Sarrafada, experiente jogador e capitão do NEC deu seu parecer sobre a decisão: “todo religioso sabe que o Papa é Argentino e torce para o San Lorenzo, em compensação, Deus é Brasileiro e torce para o NEC. O time todo está de parabéns por ter chegado até aqui, mas temos que ter os pés no gramado e saber que não ganhamos nada, ainda. Se quisermos fazer história e entrar para a galeria de heróis do clube, o momento é agora. Estas são as frases que o professor com títulos e cursos de safadeza fala para nós em todos os treinos, preleções antes dos jogos e pede para agente repetir nas entrevistas para os repórteres”.

Final de tarde de domingo. A metrópole parada para assistir a decisão. Os times em campo. No gramado, os jogadores estão perfilados para a execução do hino nacional. Se hino nacional ganhasse alguma coisa, o título seria da equipe do NEC: todos os jogadores sempre ouvem o hino com a mão em cima do peito, com medo de ataque cardíaco, pois nos últimos vinte jogos, o ataque não marcou um gol sequer.

Do outro lado, porém, em várias ocasiões o time do MAC virou a mesa e o placar, provando que com eles nada acaba em pizza; pois com a mesa virada, comer a pizza de que jeito?

- Colocamos o prato em cima da coxa, uai! Nossa equipe é forte, competitiva e temos a solução para tudo; o que não podemos é perder a boquinha.

- Ligeiro, como Coelho ponta direita da equipe e dando a solução para o provável problema, falou à rádio BL - Boca Livre - o presidente do MAC.

Final do primeiro tempo. A imprensa local adentra o gramado para as entrevistas. Vamos ouvir o que está falando o treinador do NEC: “jogo difícil. O time deles defende com dez e ataca com onze. Vai e volta parecendo sanfona. Mas, confio nos meus comandados, na seriedade desses pais de família que estão com as cuecas vazia e acho, não tenho certeza, que vamos sair daqui com a vitória nas mãos. A Ford fabrica e nós fazemos os Gols que a empresa tanto vende”.

- Mudanças para o segundo tempo?

- Vamos ver. Tenho que tomar cuidado, pois durante a semana tivemos as nossas jogadas e esquemas táticos espionados pelos Americanos que é o time sub-sede deles. Então, temos que ter o máximo de cautela para fazer o adversário cair do cavalo, com suas bisbilhotagens e tudo mais. Decisão se ganha com diplomacia e racionalizando os mínimos detalhes.

- Na hora da decisão vale até Diplomacia e Filosofia, Gavião Peixoto. Vai que a bola é sua!

A partida segue amarrada, com entradas ríspidas e jogadas tumultuadas, culminando com as expulsões de Gentil Sarrafada do NEC e Lenival Casco Grosso do MAC. Com as expulsões, os jogadores de ataque de ambas as equipes ficaram livres das gentilezas de ambos.

Quarenta e seis. A partida vai até quarenta e sete minutos. Penalty para o NEC. Cobrança de Hildebrando: goool do NEC. O juiz anulou o gol? O bandeirinha flagrou o centroavante impedido. Não! Não! Foi falta no goleiro. Vamos esperar desfazer o bolo, (cuja receita é um aipim, dois ovos, uma colher de gordura, deixar por meia hora em fogo brando) que se formou no gramado entre jogadores e comissões técnicas para saber o aconteceu. Fora do tumulto, o juiz joga a camisa para a torcida. Jogadores e comissão técnica do MAC beijam o escudo e sopram para a torcida.

Contra-ataque, mega-rápido. Goool! Explosão de gol na Fiat acerta em cheio o menino da cidade de Sucre, Bolívia, que veio especialmente para assistir a decisão. Um à zero é o placar. Os jogadores repetem o gesto várias vezes: beijam o escudo do time e sopram para a torcida. Festa no estádio Antero Anta. Como disse o treinador do MAC, “o jogo só termina quando o juiz apita o final da partida”. Fim de jogo. O campo é invadido pelos torcedores; por sinal, como tem adeptos esse time!

Vamos pegar a palavra do treinador que está passando por aqui: “Graças a Deus, mais uma conquista! Só pode ser ele que defendeu o pênalti. Milagre! Acho que ganhamos com todos os méritos em campo, na raça, na bola e na bolada. Todos estão de parabéns: os jogadores, os bandeirinhas, o juiz, Deus, minha mãe, meu pai, o espírito de meu irmão que faleceu domingo passado. Agora é comer, beber, morar e mandar o resto dos dólares para a Suiça”!

O que esperar do Futebol, a não ser o que vemos no país do Cricket? Parece que praticam o esporte para Inglês ver. É muita honestidade, dribles na Receita e fome de dinheiro para um esporte só. É com você aí do gramado Pisa Leve. O avião já decolou de volta à Europa levando a seleção dos Nacionalistas Europeus?

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 19/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
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