A HISTÓRIA DO TITANIC POR QUEM ESTAVA LÁ

Quando exploraram os destroços do Titanic, os cientistas descobriram uma mala feita de um couro desconhecido contendo um diário de bordo escrito em uma língua que ninguém conseguia decifrar.
A princípio achavam que era etrusco, e como ninguém entendia resolveram arquivar o diário.
Essa raridade ficou guardada por muitos anos, até que um pesquisador brasileiro teve acesso ao documento e descobriu que a mala era feita de couro de bode e continha um chapéu de couro, um gibão, uma algibeira além do diário, o que já deu uma pista sobre a nacionalidade do escritor. Era um paraibano que havia emigrado para a Inglaterra e que a certa altura resolveu ir embora para os Estados Unidos.
Durante a viagem, ele resolveu escrever um diário, que reproduzimos:

Londres, 8 de abril de 1912;
- Tá um frio da mulesta aqui em Londres, vou-se embora pros Esteites... tenho um primo que tá me chamando pra trabalhar limpando vidraça dos prédios. Acho que deve ser moleza... Só espero que eles não sejam muito altos... tenho um medo da mulesta de altura.

Londres, 9 de abril de 1912:
- É de lascar o trabalho neste bicho. O comandante disse que ele é inafundáel, sei lá o que isso quer dizer. É um trabalho da porra. Eu mesmo só conhecia jangada... num tenho nem tempo de escrever o diário... Tá que entra gente e não enche nunca. Sei não... mas essa mania de inglês chamar navio de "she" ou seja, de mulher, ainda vai dar merda.

Titanic, 10 de abril de 1912
- O bicho tá andando, sereninho... sereninho... num dá nem pra sentir. Hoje fui procurar um amigo inglês, um tal de John Coffei, que embarcou comigo e fiquei sabendo que ele caiu fora... o abestado tava com medo do bicho afundar.

Titanic ,11 de abril de 1912
Hoje vi um galegão lá da terceira categoria paquerando uma moça rica lá das cabines de luxo. Êta Cabocliquinho metido esse... ôxe... vê se a ricaça vai dar mole pra ele.

Titanic: 12 de abril de 1912
Num é que a moça caiu na lábia do galego... hoje peguei os dois num maior rela-rela lá no bico do navio... aí o galego gritou “AI AME DE QUINGUE OV DE ORD”... que porra é essa?

Titanic; 13 de abril de 1912;
Vou fazer um fuxico... a bonitona é noiva... e tá botando chifre no noivo antes de casar... esses ricos são mesmo de lascar.

Titanic; 14 de abril de 1912;
O pessoal só pensa em festa... acabou o gelo de tanto usarem pra gelar o tal champanha. O fela duma égua do comandante mandou eu me preparar pra pegar uns pedaços de gelo num tal de aiciberg. Que merda... tudo eu é que tenho de fazer nesta porra... ele disse pra eu descansar um pouco e na hora que eles acharem um tal aiciberg mandam me chamar.

Titanic; 15 de abril de 1912;
Ouvi um estrondo danado lá fora... será que espocaram uma porrada de champanha quente ao mesmo tempo? Vou guardar o diário na minha malinha de couro de bode que carrego sempre comigo e vou lá fora dar uma olhadinha...
FIM
 
Wilson Pereira
Enviado por Wilson Pereira em 30/04/2013
Reeditado em 03/05/2013
Código do texto: T4267237
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