UM GOZADOR NATURAL
Meu pai nos contava que lá no Bairro Alto, um distrito do município e comarca de Paraibuna – SP (na década de 1960 foi inundado pela represa do DERSA), onde ele morava quando jovem, mesmo antes de casar-se com a minha mãe, freqüentava uma venda cujo dono era muito brincalhão e tido como um gozador natural. Levava tudo na gozação e na brincadeira. Mexia com todos quando surgia uma oportunidade. Na linguagem usada na época era o verdadeiro “pândego”.
Num certo dia ele com as suas brincadeiras convocou seus fregueses lançando o seguinte desafio:
“Quem fizesse dois pedidos de objetos ou de um produto dos quais costumeiramente se encontrassem em outras vendas que ali ele não tivesse, teria direito de tomar os seus aperitivos de graça por uma semana inteira, claro, com direito a alguns salgados para acompanhar”.
Ninguém se habilitou. Até que passado uns trinta ou quarenta minutos, um dos freqüentadores da casa que já estava meio bêbado chegou até o balcão e falou:
- Seu Antonio, o senhor me vende um metro da melhor pinga que tem?
O vendeiro então falou:
- Essa o senhor ganhou, porque hoje eu não tenho uma fita métrica pra lhe medir a pinga corretamente. Volte amanhã.
Foi o que aconteceu. No outro dia o mesmo freguês se instalou na frente do balcão e quando ia pedir o vendeiro mais que depressa falou:
- Hoje pode pedir pinga por metro que nós temos. Saiba que arrumei um jeito de medir a pinga só pro senhor.
E mostrando uma canaleta de uns cinco centímetros de profundidade, outros cinco centímetros de largura e de exatamente um metro de comprimento que havia feito no tampão do balcão, perguntou:
- Quer a sua pinga por metro hoje.
- Quero. Falou o cidadão.
O vendeiro cheio de razão e sorrindo pegou um garrafão e foi despejando aos poucos a pinga na canaleta. Quando terminou falou pro freguês que podia se servir a vontade com ar de gozador e confiante que tinha vencido a parada:
No que o cidadão com ar de bêbado, bonachão, porém bem tranqüilo retrucou:
- Muito bom seu Antonio. Faz-me favor: embrulha essa pinga pra viagem, pois bebi bastante hoje. Essa eu vou tomar em casa. Me serve só a saideira pra eu tomar aqui mesmo, já como brinde da aposta que eu acabei de ganhar.
Advinha quem saiu na pior nesse desafio.
O seu Antonio coçou a cabeça e imaginou aquele caboclo comendo e bebendo de graça durante uma semana sem poder fazer nada...
Nota do autor:
A foto ilustrativa é da minha autoria e está nos meus arquivos. À minha direita, segurando o microfone está o meu amigo CASTELO HANSSEN, que naquele momento recitava um poema da sua autoria, intitulada UTOPIA. Visitem-o aqui no Recanto. Buscar CASTELOHANSSEN. Ele é simplesmente o maior poeta vivo que eu conheço e desfruto da sua amizade.
Meu pai nos contava que lá no Bairro Alto, um distrito do município e comarca de Paraibuna – SP (na década de 1960 foi inundado pela represa do DERSA), onde ele morava quando jovem, mesmo antes de casar-se com a minha mãe, freqüentava uma venda cujo dono era muito brincalhão e tido como um gozador natural. Levava tudo na gozação e na brincadeira. Mexia com todos quando surgia uma oportunidade. Na linguagem usada na época era o verdadeiro “pândego”.
Num certo dia ele com as suas brincadeiras convocou seus fregueses lançando o seguinte desafio:
“Quem fizesse dois pedidos de objetos ou de um produto dos quais costumeiramente se encontrassem em outras vendas que ali ele não tivesse, teria direito de tomar os seus aperitivos de graça por uma semana inteira, claro, com direito a alguns salgados para acompanhar”.
Ninguém se habilitou. Até que passado uns trinta ou quarenta minutos, um dos freqüentadores da casa que já estava meio bêbado chegou até o balcão e falou:
- Seu Antonio, o senhor me vende um metro da melhor pinga que tem?
O vendeiro então falou:
- Essa o senhor ganhou, porque hoje eu não tenho uma fita métrica pra lhe medir a pinga corretamente. Volte amanhã.
Foi o que aconteceu. No outro dia o mesmo freguês se instalou na frente do balcão e quando ia pedir o vendeiro mais que depressa falou:
- Hoje pode pedir pinga por metro que nós temos. Saiba que arrumei um jeito de medir a pinga só pro senhor.
E mostrando uma canaleta de uns cinco centímetros de profundidade, outros cinco centímetros de largura e de exatamente um metro de comprimento que havia feito no tampão do balcão, perguntou:
- Quer a sua pinga por metro hoje.
- Quero. Falou o cidadão.
O vendeiro cheio de razão e sorrindo pegou um garrafão e foi despejando aos poucos a pinga na canaleta. Quando terminou falou pro freguês que podia se servir a vontade com ar de gozador e confiante que tinha vencido a parada:
No que o cidadão com ar de bêbado, bonachão, porém bem tranqüilo retrucou:
- Muito bom seu Antonio. Faz-me favor: embrulha essa pinga pra viagem, pois bebi bastante hoje. Essa eu vou tomar em casa. Me serve só a saideira pra eu tomar aqui mesmo, já como brinde da aposta que eu acabei de ganhar.
Advinha quem saiu na pior nesse desafio.
O seu Antonio coçou a cabeça e imaginou aquele caboclo comendo e bebendo de graça durante uma semana sem poder fazer nada...
Nota do autor:
A foto ilustrativa é da minha autoria e está nos meus arquivos. À minha direita, segurando o microfone está o meu amigo CASTELO HANSSEN, que naquele momento recitava um poema da sua autoria, intitulada UTOPIA. Visitem-o aqui no Recanto. Buscar CASTELOHANSSEN. Ele é simplesmente o maior poeta vivo que eu conheço e desfruto da sua amizade.